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    Escândalo de poluentes freia aumento de vendas da Volkswagen nos EUA

    ANDY SHARMAN
    Do "FINANCIAL TIMES"

    02/10/2015 12h12

    Michael Sohn/AP
    Volkswagen entregou pouco mais de 26 mil unidades no mês passado, o que representa alta de vendas de apenas 0,6% nos EUA
    Volkswagen entregou pouco mais de 26 mil unidades no mês passado nos EUA

    A Volkswagen não conseguiu se beneficiar do bom mercado para os automóveis nos Estados Unidos em setembro, porque a montadora alemã começa a sentir as repercussões do escândalo de sua manipulação das emissões de poluentes.

    A Volkswagen of America entregou pouco mais de 26 mil unidades no mês passado, o que representa alta de vendas de apenas 0,6% ante o mesmo mês em 2014.

    O resultado é uma melhora ante a queda de 8% nas vendas que a companhia registrou em agosto, mas contrasta com a alta em dois dígitos nas vendas das três grandes montadoras norte-americanas —General Motors, Ford e Fiat Chrysler.

    Michelle Krebs, analista da Autotrader.com, disse que as vendas da montadora alemã nos Estados Unidos provavelmente piorariam, no restante do ano. "A Volkswagen vem apresentando desempenho inferior à tendência do setor já há algum tempo", ela disse.

    A marca Audi da Volkswagen não parece ter sido afetada, em setembro, apesar de o seu modelo A3 ser um dos envolvidos no escândalo de emissões nos Estados Unidos.

    A fabricante do modelo esportivo TT apresentou suas melhores vendas da história em setembro, com alta de 16%, o que sublinha sua popularidade junto aos consumidores dos Estados Unidos.

    Analistas pesquisados pela Bloomberg previram uma queda média de quase 7% nas vendas da marca Volkswagen; as vendas da empresa em setembro foram prejudicadas pela suspensão de vendas de alguns modelos afetados pela presença de um chamado "dispositivo manipulador", software que a Volkswagen admitiu ser empregado para trapacear os testes de laboratório norte-americanos quanto a emissões de poluentes. Krebs diz que pesquisas com consumidores, nos dias que se seguiram ao escândalo, constataram que mais de 50% dos respondentes agora têm desconfiança "completa" ou "geral" com relação à Volkswagen. "Isso terminará por influenciar as vendas", ela acrescentou.

    Mark McNabb, vice-presidente de operações da Volkswagen of America, disse que a companhia "continuaria a trabalhar diligentemente para reconquistar a confiança em nossa marca e a credibilidade perdida".

    O escândalo da Volkswagen chegou em um momento ruim para a principal marca do grupo nos Estados Unidos. A marca Volkswagen realizou apenas 367 mil das suas 6,1 milhões de vendas mundiais nos Estados Unidos, em 2014, e as vendas no país caíram por dois anos consecutivos devido a uma linha envelhecida de produtos.

    A estratégia da empresa para conduzir suas vendas anuais nos Estados Unidos à marca das 800 mil unidades anuais até 2018 previa diversos lançamentos de modelos novos nos próximos anos. Mas analistas dizem que agora essa meta parece ameaçada.

    Como parte de uma reacomodação mais ampla, as operações da Volkswagen nos Estados Unidos serão absorvidas por uma unidade norte-americana mais ampla, a ser comandada por Winfried Vahland, hoje presidente da Skoda, uma das marcas do grupo.

    Outras montadoras passaram sem problemas pelo escândalo, nos Estados Unidos, e continuam a registrar avanços sólidos, com ajuda do crédito fácil, da queda no preço da gasolina e do fato de que o feriado do dia do Trabalho caiu em setembro pela primeira vez desde 2012. [Nos Estados Unidos, o feriado do Dia do Trabalho é celebrado na primeira segunda-feira de setembro; em 2013 e 2014, ele aconteceu respectivamente em 2 e 1º de setembro.] O feriado é um momento crucial para as vendas de automóveis.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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