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    Crédito a pequenas empresas encolhe com alta da inadimplência

    EDUARDO CUCOLO
    DE BRASÍLIA

    03/10/2015 02h00

    Depois de sustentarem o crescimento da oferta de crédito para pequenas e médias empresas na maior parte dos últimos três anos, os bancos públicos encerraram o primeiro semestre de 2015 com estagnação nas operações para esse segmento.

    Segundo o Banco Central, o comportamento reflete principalmente a alta da inadimplência entre pequenas e médias empresas. Desde agosto do ano passado, o atraso nos pagamentos das dívidas tem sido maior nas instituições estatais do que nas privadas.

    Sergio Lima/Folhapress
    Fachada do Banco Central, em Brasília
    Fachada do Banco Central, em Brasília

    Entre junho de 2014 e junho de 2015, a expansão anual do estoque de crédito para essas empresas nos bancos estatais passou de 13,4% para 0,03%. Nesse período, a parcela de dívidas atrasadas subiu de 3,6% para 5,1%.

    "A inadimplência das PMEs [pequenas e médias empresas] nos bancos públicos consolidou a tendência de alta e atingiu o maior valor da série histórica no primeiro semestre de 2015", disse o BC no seu Relatório de Estabilidade Financeira.

    CRISE CHEGA ÀS PMEs* - Inadimplência sobe

    Nos bancos privados, esses atrasos subiram de 3,9% para 4,1% no período, e a taxa de queda no estoque passou de 1,1% para 3%. Para o BC, a decisão do setor privado de reduzir essas operações nos últimos anos evitou a expansão dos calotes.

    "Nos bancos privados, também se observa ascensão da inadimplência nesse segmento, embora em menor magnitude, pois medidas para reduzir o risco foram adotadas por tais instituições financeiras desde 2013."

    CRISE CHEGA ÀS PMEs* - Variação anual do estoque de crédito pessoa jurídica (em %)

    Esse cenário não deve se alterar neste segundo semestre, de acordo com o governo.

    Para fazer a classificação por porte da empresa, o Banco Central utiliza o valor devido pelos tomadores nas operações de crédito. As PMEs são aquelas cujas dívidas são inferiores a R$ 100 milhões. As grandes empresas, com dívidas iguais ou superiores a esse valor.

    RESTRIÇÃO

    O BC afirma que o percentual de calotes e a baixa tolerância ao risco dos bancos continuam sendo os principais limitadores da oferta às pessoas jurídicas de menor porte.

    Do ponto de vista da demanda, o principal problema citado pela instituição é o aumento na taxa de juros.

    O último dado do BC mostra que a taxa nas operações de capital de giro até 360 dias, principal linha para pequenas e médias empresas, passou de 31% para 43% ao ano entre agosto de 2014 e de 2015.

    No Banco do Brasil, única instituição que divulga em seu balanço esses dados, o crédito para essas empresas teve variação anual de 25% até junho de 2013, 8% até junho de 2014 e encolheu 3% nos 12 meses encerrados em junho de 2015.

    A queda se deu por causa do capital de giro, que representa quase dois terços desses empréstimos.

    Os dados do BC mostram que o crédito nos bancos estatais está indo, principalmente, para as grandes empresas. O aumento da carteira em 12 meses para esses clientes foi de 20% até junho de 2015, acima dos 17% até o mesmo período do ano passado. Nos privados, o ritmo de crescimento caiu de 21% para 16% no período.

    A inadimplência, nesse segmento, ficou praticamente estável nos públicos.

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