Os investimentos da Petrobras devem fechar o ano na casa dos US$ 20 bilhões, uma queda de US$ 9 bilhões em relação ao projetado no plano de negócios elaborado este ano.

A companhia, porém, deve deixar para o próximo ano a revisão mais detalhada do plano, incorporando o novo cenário de petróleo barato e dólar caro.

A nova estimativa de investimentos para 2015, que foi antecipada pelo jornal "Valor Econômico", foi apresentada ao conselho de administração em reunião realizada na quarta (30), como parte de uma atualização dos gastos durante o ano.

A Folha apurou, no entanto, que não houve a determinação de metas de redução de investimentos.

Novas projeções devem ser divulgados apenas na revisão anual do plano de negócios, em 2016.

A queda no valor investido em 2015 reflete adiamento de gastos e redução no ritmo de projetos não estratégicos. Além disso, a companhia vem renegociando contratos com fornecedores para reduzir os custos de investimentos em andamento.

O plano atual prevê aportes de US$ 130 bilhões até 2019, mas já é considerado ultrapassado pela própria companhia, pois trabalha com projeções de petróleo acima dos US$ 60 por barris e dólar a R$ 3,10 neste ano.

Atualmente, o petróleo ronda os US$ 45 por barril, e o dólar, os R$ 4.

Com 73% de seus empréstimos atrelados ao dólar, a já elevada dívida da estatal vem sofrendo os efeitos da desvalorização cambial dos últimos meses.

Além dos impactos macroeconômicos, uma revisão do plano deve considerar as dificuldades que a empresa enfrenta para executar seu plano de venda de ativos.

O mercado espera apenas uma grande operação este ano: a venda de 49% da Gaspetro, subsidiária que tem participação em distribuidoras de gás canalizado.

A operação está em fase final de negociações com a japonesa Mitsui.

Nesta semana, a companhia anunciou reajustes nos preços da gasolina em 6% e do diesel em 4% para recompor as margens de lucro sobre combustíveis importados, que também sofreram com a alta do dólar.

PROTESTOS

Neste sábado (3), quando a Petrobras completa 62 anos, petroleiros e militantes de movimentos sociais prometem protestos por todo o país contra os cortes de investimentos e a venda de ativos da estatal.

Na sexta (2), foi realizada uma primeira mobilização, no centro do Rio. Para este sábado, estão marcadas manifestações em 10 Estados e no Distrito Federal.