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    Candidatas a empregada doméstica triplicam nas agências

    BRUNO VILLAS BOAS
    DO RIO

    04/10/2015 02h00

    Ricardo Borges/Folhapress
    Cristiane Souza, vestindo o seu antigo uniforme de soldadora. Apos demições, está trabalhando como diarista
    Cristiane Souza, vestindo o seu antigo uniforme de soldadora. Após demissão, trabalha como diarista

    Com o fechamento de vagas em serviços, comércio e indústria, a procura por um emprego de doméstico chegou a triplicar em agências especializadas na área.

    Na Casa e Café, uma das maiores agências on-line do setor, o número de pessoas cadastradas saltou 180%, de 173 mil em setembro de 2014 para 484 mil no mês passado.

    "Houve época em que dois patrões negociavam com a mesma empregada. Isso não acontece mais. O cliente agora ficou com maior poder de negociação", diz Daniele Kuipers, sócia da agência.

    DE VOLTA AO COMEÇO - Em milhões de pessoas no país?com 10 anos de idade ou mais

    Maria das Graças Brocchine, 55, é uma das candidatas. Ela trabalhou por um ano por conta própria, vendendo roupas em Valença (BA).

    O negócio não deu certo e, há um mês, ela voltou ao Rio, onde morou por 40 anos, em busca de emprego. "Tem mais gente procurando vaga, então está mais difícil."

    Na agência de emprego Ipiranga, em São Paulo, o número de interessadas em vaga de doméstica subiu de 150 para 500 pessoas por mês de um ano para cá.

    Remuneração mensal médio da empregada doméstica - Em R$

    Mas a dona, Zilene Segura, rejeita a maioria. "São pessoas que trabalhavam em metalúrgica ou em cabeleireiro. Não têm experiência nem referência", argumenta.

    Ana Clara Sampaio, formada em propaganda e marketing pela ESPM, é uma novata na área. Ao 30 anos, está fazendo bico como babá nos fins de semana, após passar um ano em busca de vaga na área de administração.

    "Já fui a feirões de emprego, mas são 10 mil pessoas para poucas vagas. Então, estou de babá."

    Dona da agência Domésticas Recife, Márcia Santos disse que geralmente duas candidatas ficavam à espera de emprego, mas recentemente o número cresceu.

    "Muita gente perdeu emprego em Suape [o complexo industrial de Recife] e demitiu as empregadas. Agora mesmo tenho dez candidatas na minha frente rezando por uma vaga."

    População ocupada? em emprego doméstico - Em milhões de pessoas no país, ?com 14 anos de idade ou mais

    PEC DAS DOMÉSTICAS

    Além da crise que leva às demissões, a PEC das Domésticas, que confere direitos aos trabalhadores da área, foi regulamentada neste ano e encareceu o custo do serviço.

    Em Recife, Lúcia Ribeiro, 58, foi demitida sob a justificativa do aumento de custos trazidos pela PEC, como INSS e FGTS. Ela diz passar o dia sentada na agência de emprego esperando ser chamada.

    Mário Avelino, presidente do Instituto Doméstica Legal, diz que a lei vai reduzir o número de domésticas —hoje perto de 6 milhões, segundo dados do IBGE em julho— e aumentar a formalização. Segundo Avelino, existem 2,9 milhões na informalidade, descontadas as diaristas.

    "A crise pode ter interrompido o ciclo de redução do número de domésticas, mas isso é transitório. Com a ajuda da PEC, vamos ser mais parecidos com países desenvolvidos, em que só os mais ricos têm empregados, e bem remunerados."

    O QUE MUDA COM O SIMPLES DOMÉSTICO

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