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    Demitido? Como se organizar e evitar que dívidas aumentem durante a crise

    RENATA AGOSTINI
    DE SÃO PAULO

    05/10/2015 02h00

    Com o aumento da taxa de desemprego, que chegou a 8,6% no trimestre encerrado em julho, e a expectativa de uma recessão prolongada no país, crescem as dúvidas de como se organizar financeiramente após uma demissão.

    A primeira providência a ser tomada, caso fique sem um emprego fixo, é olhar atentamente as despesas da casa, segundo especialistas em finanças pessoais.

    O cálculo deve incluir até mesmo os gastos pequenos para chegar a um diagnóstico preciso da situação atual. Após o levantamento, o indicado é limar tudo o que não for essencial, mantendo na lista somente despesas com moradia, saúde, alimentação, transporte e educação.

    Taxa de desocupação

    "A estratégia principal é ter clareza do quanto será necessário para assegurar um nível mínimo de bem-estar da família nos meses seguintes", diz Elisson de Andrade, professor de finanças pessoais.

    No caso das despesas fixas, também é preciso checar se há espaço para economia. Muitas vezes é possível reduzir contas de água, luz e gás. É importante cortar alimentação fora de casa e, no supermercado, avaliar a escolha de marcas mais baratas.

    Com o valor necessário para manter a casa mensalmente, é a hora de calcular as receitas. Verifique o quanto tem a receber de rescisão do empregador, o saldo que poderá ser sacado do fundo de garantia e se terá direito ao seguro-desemprego. Depois, some os valores a eventuais reservas, como aplicações.

    A partir daí, calcule quantos meses estarão cobertos com os recursos disponíveis. O ideal é ter uma folga de ao menos seis meses, de acordo com especialistas.

    Não é indicado deixar o dinheiro parado na conta-corrente, mesmo sabendo que necessitará dele em breve. O melhor é aplicar os recursos para que rendam e não haja perda do poder de compra. A inflação em doze meses até agosto ficou em 9,53%.

    "As aplicações devem permitir a retirada imediata. Há fundos em que se pode aplicar hoje e retirar até mesmo no dia seguinte. Não se ganha toda a remuneração, mas algo irá render", diz Carlos Barbosa, coordenador do curso de administração da ESPM.

    Fora do controle

    SANGUE FRIO

    Se tiver dívidas, não corra para quitá-las com o dinheiro do fundo de garantia, sob o risco de ficar sem receitas para cobrir gastos à frente.

    "Desempregado tem de ter dinheiro guardado. Para as despesas, mas eventualmente para investir num curso e retomar a carreira", afirma Reinaldo Domingos, presidente da DSOP, especializada em educação financeira.

    O ideal é buscar os credores, apresentar a situação e tentar renegociar a dívida.

    "A pessoa, quando perde o emprego, muitas vezes fica fragilizada e se fecha. Ela precisa fazer essa consulta para ter clareza de todas as possibilidades", diz André Calabro, diretor da Recovery, especializada em recuperação de crédito de inadimplentes.

    Pesquisa da empresa com 40 mil devedores, de julho a setembro deste ano, indicou que problemas com o emprego já são um dos principais motivos da inadimplência.

    Dos entrevistados, 42% afirmaram que deixaram de pagar porque ficaram desempregados ou estão com salários atrasados, ante 26% no primeiro semestre.

    Segundo Calabro, é importante verificar se é possível trocar o financiamento por uma linha com juro menor, caso o orçamento comporte o pagamento das mensalidades. Ou negociar o alongamento da dívida, baixando as parcelas —neste caso, o custo total do empréstimo subirá.

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    FUI DEMITIDO. E AGORA?

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    Nada de luxo
    Faça um pente-fino nos gastos da família e veja quais despesas podem ser cortadas de imediato. Nos gastos fixos, veja onde é possível reduzir o consumo ou trocar marcas por opções mais baratas

    Direito garantido
    Veja quanto receberá do empregador, quanto poderá sacar de FGTS e se tem direito ao seguro-desemprego. Some os valores para saber quanto terá nos próximos meses

    Meses cobertos
    Considerando as despesas essenciais, calcule quantos meses estão cobertos. O cálculo dará a dimensão do problema. O ideal é ter pelo menos seis meses de despesas garantidas

    Dinheiro ativo
    Ao receber os recursos, procure transferi-los para algum tipo de aplicação para que rendam juros. É fundamental, porém, que o investimento permita saques

    Acordo em vista
    Se tiver dívidas, tente renegociá-las, trocando por linhas mais baratas ou estendendo o prazo de pagamento. Use o FGTS para quitá-las somente se ainda sobrarem recursos para bancar as despesas básicas

    Sem deslizes
    Evite usar o cartão de crédito para não correr o risco de entrar no crédito rotativo. Repense viagens e compras. É importante manter o máximo de reserva financeira possível

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