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    Tratado Transpacífico pode reduzir exportação do Brasil em até 2,7%

    RENATA AGOSTINI
    GIULIANA VALLONE
    RAQUEL LANDIM
    DE SÃO PAULO

    06/10/2015 02h00 - Atualizado às 10h02

    O Tratado Transpacífico, o acordo comercial entre Estados Unidos e Japão e outros dez países, pode encolher as exportações brasileiras em até 2,7%, segundo estudo dos pesquisadores Vera Thorstensen e Lucas Ferraz, da Escola de Economia da FGV.

    O cenário considera a eliminação das taxas de importações e de pelo menos 50% das barreiras não tarifárias —padronizações de produto conflitantes, por exemplo.

    As exportações brasileiras são afetadas, segundo o estudo, porque os produtos vendidos entre os países envolvidos no tratado ficarão comparativamente mais baratos.

    Hoje as economias que formam o TTP recebem quase um quarto dos embarques brasileiros ao exterior. Nos manufaturados, o porcentual chega a 35%, por causa do mercado americano.

    Analistas preveem que, com a entrada em vigor do TTP, os EUA devem concentrar seus esforços na negociação de outro mega-acordo com a União Europeia, a Ttip (Parceria Transatlântica).

    TRATADO TRANSPACÍFICO
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    PARCERIA TRANSPACÍFICO

    "Se este fechar, asfixia o Brasil", diz José Augusto de Castro, presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

    Os números da FGV apontam que com a Ttip, as exportações do país sofreriam queda ainda maior, de 5%.

    "É urgente que o Brasil inicie uma negociação para um acordo de livre comércio com os EUA", diz Diego Bonomo, gerente executivo de comércio exterior da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

    Segundo o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, porém, a negociação de um acordo de livre comércio com os EUA é um objetivo, mas não está "madura" e não é viável no médio prazo. "Estamos sendo pragmáticos e negociando uma convergência de normas com os EUA em diversos setores."

    Países inclusos na Parceria Transpacífico

    O ministro afirma que o acordo entre EUA, Japão e demais países já estava previsto na estratégia do governo brasileiro, que discute a ampliação de acordo com o México e os países andinos.

    Para Emanuel Ornelas, professor da FGV e pesquisador de política comercial e acordos de comércio, qualquer abertura de mercado seria positiva para o Brasil, cuja economia é muito isolada das cadeias produtivas globais. Ele, no entanto, se diz cético, já que o governo não tem implementado acordos.

    "O Brasil está atrasado há muito tempo nesta área. Agora o resultado está aí", diz Vera Thorstensen.

    SETORES

    Os efeitos da TTP deverão ser sentidos tanto no agronegócio quanto na indústria.

    Um dos setores mais prejudicados pelo acordo seriam produtos e preparados de carne, com queda de 5,1% do PIB setorial.

    No caso dos manufaturados, setores como máquinas e equipamentos e produtos automotivos também devem sofrer desaceleração nas vendas externas.

    Os cálculos da FGV foram feitos a partir do fluxo de comércio dos países em 2012 e consideram a taxa de câmbio vigente à época.

    Segundo a pesquisadora, porém, a mudança na cotação da moeda norte-americana não provoca alteração relevante no modelo de simulação utilizado.

    Chip Somodevilla/Efe
    Presidente Barack Obama em discurso na ONU no qual defendeu o Tratado Transpacífico
    Presidente Barack Obama em discurso na ONU no qual defendeu o Tratado Transpacífico

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