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    Crise interna afetará qualidade do crédito no Brasil, diz agência Moody's

    GIULIANA VALLONE
    DE SÃO PAULO

    06/10/2015 09h39

    Juca Varella - 3.nov.2011/Folhapress
    Mauro Leos, vice-presidente e analista sênior da Moody´s
    Mauro Leos, vice-presidente e analista sênior da Moody´s

    As condições internas afetarão a qualidade do crédito no Brasil, tanto para o setor público quando para o privado, afirma a agência de classificação de risco Moody's em relatório divulgado nesta terça-feira (6).

    A agência cita a deterioração da situação fiscal, os problemas políticos e a Operação Lava Jato como os principais fatores de influência para a piora no cenário de captação de recursos no país.

    Esses fatores levaram à queda do emprego, consumo e salários reais, levando a Moody's a projetar que a atividade econômica no Brasil terá contração de 3% em 2015 e de 1% em 2016, diz o texto.

    "Nós não vemos como a posição fiscal do Brasil pode melhorar no curto prazo devido à falta de consenso político, que tem impedido a atual administração de entregar superavits fiscais de tamanho suficiente para conter o nível de endividamento do governo", afirma Mauro Leos, vice-presidente e analista sênior da Moody´s.

    "Não acreditamos que o Brasil possa alcançar crescimento real de 2% e superavits primários de pelo menos 2% do PIB até 2017-18, o que é necessário para estabilizar a relação dívida/PIB."

    Como consequência, diz a Moody's, o perfil de crédito do governo e de empresas da maioria dos setores sofrerá pressões da demanda mais fraca, custos crescentes de empréstimo e do aumento da inadimplência, além do investimento menor.

    A agência ressalta que a maior parte dos emissores brasileiros que recebem o grau de investimento da agência —o chamado selo de bom pagador— tEm liquidez adequada até ao menos a metade de 2016.

    O acesso aos mercados internacionais para os emissores de grau especulativo, porém, ficará mais caro, afetando seus planos de expansão e aumento de capital.

    O relatório afirma ainda que a queda no preço de commodities prejudicará o desempenho de empresas como Vale e Petrobras.

    "A recessão brasileira e a baixa confiança do consumidor reduzirão a demanda dos setores de telecomunicações, construção e aéreas, mas o real desvalorizado beneficiará exportadores de proteína e de produtos de papel e celulose", afirma o texto.

    As companhias do setor de construção, prejudicado pela Lava Jato, devem enfrentar custos mais elevados de financiamento, mesmo aquelas que não estão associadas à Petrobras.

    O risco aumenta ainda para os bancos, prejudicados pelo aumento do desemprego, a redução da renda e, portanto, um crescimento da taxa de inadimplência.

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