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    SABMiller recusa US$ 104 bilhões, mas oferta da InBev divide acionistas

    DO "FINANCIAL TIMES"

    08/10/2015 02h00

    Siphiwe Sibeko/Reuters
    Garrafas em fábrica da SABMiller
    Garrafas em fábrica da SABMiller

    Jan du Plessis, presidente do conselho da cervejaria SABMiller, só precisou de algumas horas, nesta quarta-feira (7), para rejeitar a oferta de £ 65 bilhões (US$ 104 bilhões) apresentada pela Anheuser-Busch InBev, para a aquisição da companhia.

    Para Plessis, a oferta, que envolve pagamento em dinheiro e ações, "subestima substancialmente" um grupo que ele acredita ser "a maior joia da indústria mundial da cerveja". Afirmou ainda que, como uma das líderes do mercado da África, a SABMiller deveria valer mais.

    Carlos Brito, presidente-executivo da AB InBev, compartilha da opinião de Plessis sobre a importância do continente de mais rápido crescimento no planeta –embora obviamente discorde dele quanto ao valor da oferta.

    GUERRA DA CERVEJA - Divisão do mercado da cerveja, em %

    A despeito de ser a maior fabricante mundial de cerveja por faturamento e volume, a AB InBev tem presença praticamente nula na África e enfrenta desaceleração em seus dois principais mercados, a América do Norte e o Brasil.

    Adquirir a SABMiller, fundada 120 anos atrás com o nome South African Breweries, pode ajudar a expandir o alcance da AB InBev.

    Mas os atrativos de um acordo são muito menos evidentes para Plessis, e sua rejeição ao acordo tem dois ingredientes principais: o preço e a estrutura da proposta.

    As duas primeiras ofertas —de £ 38 e £ 40 por ação— estavam na ponta mais baixa da faixa de £ 39 a £ 45 que os analistas afirmam a companhia poderia pagar.

    A mais recente proposta, de £ 42,15 por ação em dinheiro, inclui uma alternativa de pagamento em ações que reduz o preço médio a cerca de £ 40 por papel.

    BRIGA PELO COMÉRCIO - AB Inbev fez proposta de compra da Miller

    Isso fica "um tanto abaixo do que consideraríamos como uma proposta vencedora", afirma James Edwardes Jones, analista do banco RBC Capital Markets.

    Plessis também precisa balancear as posições divergentes dos dois maiores acionistas da SABMiller, bem como cuidar dos interesses dos acionistas menores.

    A AB InBev parece ter estruturado a transação tendo primordialmente em mente os interesses dos dois grandes acionistas da rival.

    Tanto o grupo de tabaco norte-americano Altria quanto a Bevco, a companhia que administra os investimentos da família colombiana Santo Domingo, teriam de pagar impostos potencialmente salgados por ganhos de capital se optassem por uma transação em dinheiro. Aceitar ações de uma companhia ampliada permitiria que evitassem esses impostos.

    A porção da transação que a AB InBev oferece em ações equivale a 41% dos papéis da SABMiller –ou seja, quase a mesma fatia que os dois grandes acionistas detêm na cervejaria (42%).

    A Altria, que tem 27% da SABMiller, declarou que estava pronta a aceitar a oferta. A Bevco, com 14%, rejeitou.

    Para Plessis, há outra dificuldade. No momento, a oferta em dinheiro tem valor superior à oferta em ações.

    Mas, se o conselho aceitar o acordo e as ações da AB InBev subsequentemente subirem, a opção de pagamento em ações passaria a ser o melhor negócio.

    Nesse caso, a aparência seria a de que o conselho da SABMiller recomendou uma transação mais favorável à Altria e Bevco que aos acionistas menores.

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