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    Dólar sofre queda, e mercado diverge sobre cenário interno

    GIULIANA VALLONE
    ANDERSON FIGO
    DE SÃO PAULO

    09/10/2015 02h00

    Com ajuda do noticiário externo, o dólar voltou a cair nesta quinta-feira (8) e terminou o dia no menor valor desde o início de setembro.

    Embora concordem que a perspectiva de que os juros americanos demorem mais a subir tenha ajudado na queda, os analistas divergem sobre a influência do cenário interno na cotação do dólar nos últimos dias.

    Nas últimas semanas, participantes do mercado apontavam que a forte alta do dólar estava relacionada ao cenário interno no país.

    Alívio - Dólar fecha abaixo de R$ 3,80 mesmo com turbulência política

    Desde sexta-feira (2), no entanto, a moeda norte-americana só subiu um dia, ainda que os desdobramentos da crise política continuem.

    Na quarta, o TCU (Tribunal de Contas da União) reprovou as contas de 2014 do governo Dilma Rousseff. Ainda que não tenha efeito imediato, a decisão pode aumentar as chances de aprovação de um pedido de impeachment.

    Apesar disso, o mercado de câmbio começou o dia com o dólar em queda, tendência que foi impulsionada pelo anúncio do Fed.

    Para Carlos Calabresi, diretor da Garde Asset Management, a "decisão já estava nos preços", por isso o cenário externo ganhou mais destaque na sessão.

    "A melhora nos mercados é de curto prazo. É uma correção. Não há liderança política para conseguir colocar a economia de volta nos trilhos e isso mantém pressão nas cotações", disse.

    Para Blanche, porém, a melhora de humor é resultado de uma expectativa de "luz no fim do túnel."

    "Há uma aposta de que o governo Dilma acabou", disse. "Ninguém sabe quando exatamente vai acabar, mas os agentes já acreditam que esse governo não vai ser reeleito e os fundamentos econômicos vão melhorar."

    A cotação comercial, utilizada em transações de comércio exterior, registrou baixa de 2,14%, para R$ 3,794 na venda. Já o dólar à vista, referência no mercado financeiro e que fecha mais cedo (14h30), ficou praticamente estável, com leve alta de 0,04%, para R$ 3,824.

    Outro indicador de percepção de risco da economia brasileira, as taxas de juros futuros caíram. O DI para janeiro de 2016 recuou de 14,400% para 14,321%; o contrato para janeiro de 2021 fechou com taxa 15,320%, ante 15,470%.

    AJUDA AMERICANA

    A ata da última reunião do banco central dos EUA mostrou que a elevação da taxa de juros no país foi adiada por preocupações com os efeitos da desaceleração global na economia americana e nas perspectivas para a inflação no médio prazo (leia abaixo).

    O aumento preocupa investidores pois deve causar uma saída de investimentos dos países emergentes, considerados mercados de maior risco. Entre as 24 principais moedas emergentes do mundo, o dólar caiu em relação a 21.

    "A cotação das moedas de todos os países emergentes melhorou recentemente, porque o risco de piora de liquidez [menos recursos disponíveis] foi adiado pelo menos até o ano que vem", diz Nathan Blanche, sócio da Tendências Consultoria.

    "Embora haja possibilidade de aumento de juros nos EUA em dezembro, acredito que ficará para 2016", disse André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

    O Ibovespa subiu pelo oitavo dia –0,39%, para 49.106 pontos.

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