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    Dólar sobe 2% e Bolsa cai após risco de impeachment de Dilma ofuscar ajuste

    DE SÃO PAULO

    13/10/2015 11h17

    Daniel Marenco - 4.ago.2011/Folhapress
    Operadores observam o painel de cotações no prédio da BM&FBovespa, no centro de São Paulo (SP)
    Operadores observam o painel de cotações no prédio da BM&FBovespa, no centro de São Paulo (SP)

    O dólar sobe mais de 2% nesta terça-feira (13) e a Bolsa cai após nove sessões seguidas de alta com o risco de o impeachment da presidente Dilma Rousseff ofuscar, no Congresso, a votação dos ajustes fiscais necessários para evitar novo rebaixamento do país.

    Dados ruins de balança comercial da China também preocupam os investidores, com a avaliação de que a desaceleração do gigante asiático pode arrastar as já fragilizadas economias emergentes, entre elas a brasileira.

    Às 14h15, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, registrava alta de 2,45%, para R$ 3,848, após fechar na sexta-feira (9) no menor nível em um mês. No mesmo horário, o dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, subia 2,50%, para R$ 3,853. Na máxima, ambos atingiram R$ 3,856.

    A conjunção de notícias ruins na China e instabilidade política no país contribuem para que o real seja a moeda que mais se desvalorize em relação ao dólar nesta terça-feira entre as 24 principais divisas de países emergentes.

    Às 14h15, o Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, tinha queda de 3,28%, para 47.721 pontos. Destaque para as ações preferenciais da Petrobras —mais negociadas e sem direito a voto—, que caíam cerca de 5% após seis altas seguidas.

    Os analistas avaliam que, no momento, o Congresso está priorizando a discussão em torno do impeachment de Dilma, em vez de se concentrar na aprovação do ajuste fiscal.

    Para eles, a possibilidade de Cunha dar sequência ao processo de impeachment aumentou com a decisão da oposição de incluir nas justificativas indícios de que o governo manteve em 2015 as chamadas "pedaladas fiscais" que fizeram o TCU (Tribunal de Contas da União) rejeitar as contas de Dilma em 2014.

    Antes, Cunha tinha indicado que não aceitaria um pedido de impeachment baseado em irregularidades ocorridas no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.

    Conforme antecipou a coluna Painel, da Folha, os líderes oposicionistas definiram, em uma reunião com Cunha, no sábado (10), que vão anexar ao pedido de impeachment elaborado pelos advogados Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr. um parecer do procurador do Ministério Público no TCU, Júlio Marcelo, acusando o Planalto de manter neste ano as pedaladas fiscais.

    No entanto, o ministro Teori Zavascki concedeu liminar ao mandado de segurança do deputado petista Wadih Damous pedindo que fosse sustado qualquer processo de impeachment que tivesse por base apenas o rito imposto pelo próprio Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e pelo regimento interno da Câmara.

    "A votação do impeachment tira o foco da aprovação da reforma fiscal de curto prazo, concentrada na aprovação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Isso tira do radar a votação fiscal, prolongando a instabilidade política", avalia Eduardo Velho, economista-chefe da gestora INVX Capital Asset.

    É a mesma avaliação de Marco Aurélio Barbosa, analista da CM Capital Markets. "Em nossa opinião, a agenda política se deslocou novamente para a questão do impeachment e, dessa forma, as votações relativas ao orçamento e com importantes impactos fiscais ficam totalmente em segundo plano, devendo suscitar cautela por parte dos investidores", diz, em relatório.

    A incerteza política faz com que os juros futuros operem em alta nesta sessão. Às 14h16, o contrato de DI para janeiro de 2016 subia de 14,320% na última sessão para 14,359%. Já o DI para janeiro de 2021 passava de 15,650% para 15,920%.

    CHINA

    A balança comercial da China mostrou leve recuperação em setembro, mas ainda assim as importações continuam preocupando e gerando dúvidas sobre uma desaceleração do gigante asiático. As exportações caíram 3,7% em relação ao mesmo período do ano passado, contra recuo de 5,5% em agosto.

    As importações por valor total caíram pelo 11º mês seguido, perdendo mais de 20% em setembro na comparação anual devido aos preços fracos de commodities e à demanda doméstica fraca, o que continuará a complicar os esforços de Pequim para conter a deflação.

    "Os dados da China criam uma incerteza em relação à expectativa oficial da adoção de novas medidas de estímulo pelo governo. A avaliação é que a margem de manobra da China é pequena para revitalizar a economia do país", afirma Eduardo Velho, da INVX Capital Asset.

    AÇÕES

    Os papéis da Petrobras estão entre as maiores quedas do Ibovespa, mesmo após a empresa anunciar que concluiu negociações com o Industrial and Commercial Bank of China Leasing (ICBC Leasing) para empréstimo de US$ 2 bilhões.

    Às 14h19, os papéis preferenciais da empresa tinham queda de 5%, para R$ 8,36, enquanto os ordinários registravam desvalorização de 5,22%, para R$ 10,15.

    As ações da Vale também caem nesta terça-feira, em parte acompanhando a queda de 2,90% do minério de ferro nesta sessão. Às 14h19, os papéis preferenciais da mineradora tinham queda de 6,51%, para R$ 15,20, e os ordinários caíam 8,46%, para R$ 19,03.

    A queda também é reflexo da forte valorização sofrida pelos papéis nos últimos pregões. Desde 29 de setembro, as ações preferenciais da mineradora acumulam alta de 16,5%, enquanto as ordinárias sobem 17%. Diante dos ganhos e em meio à instabilidade política no país, os investidores optam por embolsar os ganhos obtidos no período.

    Folhainvest

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