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    Governo deve ficar sem receita extra do IRB neste ano

    FABIO MONTEIRO
    EDUARDO CUCOLO
    DE BRASÍLIA

    16/10/2015 02h00

    A abertura de capital do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) não deverá ocorrer neste ano como esperado. A Folha apurou que a operação, que tinha como objetivo melhorar as contas públicas neste ano, deve ser adiada.

    O governo já adiou recentemente outra venda de ativos, a oferta pública de ações da Caixa Seguridade. Sem esses recursos, cresce a dificuldade de atingir a meta de economia prometida para 2015.

    A justificativa para o adiamento das duas operações é a mesma: as condições de mercado estão desfavoráveis. A crise econômica e as incertezas no cenário político fazem com que investidores fiquem menos dispostos a aplicar seus recursos no mercado de ações, o que reduz o valor que poderia ser obtido.

    O governo não divulga oficialmente as estimativas de arrecadação com os dois negócios, mas cálculos preliminares apontavam que, apenas com a Caixa Seguridade, seria possível arrecadar o equivalente a R$ 6 bilhões.

    No caso do IRB, a expectativa inicial era movimentar R$ 4 bilhões. Com o cenário adverso, essa previsão já está próxima de R$ 1,5 bilhão.

    O Ministério da Fazenda nega o adiamento. Em nota, a Fazenda diz que "o Tesouro acompanha atentamente os riscos e as condições de mercado, mas que, por ora, não houve sinalização para interromper o processo".

    O IRB e o Ministério do Planejamento não falaram.

    Por regra, mudanças nos prazos e nas condições gerais das aberturas de capital devem ser informadas à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que divulga os comunicados e os prospectos das operações para acionistas e o público em geral.

    O IRB atua na área de resseguros. Funciona como uma espécie de seguradora para as principais empresas que trabalham na área de seguro. A função dela é se responsabilizar pelo risco de uma operação já coberta por outra seguradora. A companhia passou por uma reestruturação, que começou em 2011.

    DEFICIT

    Com a frustração das receitas extraordinárias, cresce a possibilidade de o governo encerrar o ano gastando mais do que arrecadou.

    A previsão é que o rombo possa chegar a até R$ 17,7 bilhões, considerando o fracasso também nas ações de recuperação de débitos tributários, na repatriação de capitais do exterior (projeto de lei tramitando no Congresso Nacional) e em leilões de novas concessões.

    De todas essas medidas, analistas acreditam que apenas os leilões da área de energia elétrica devem acontecer ainda em 2015.

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    • E EU COM ISSO? O IRB E VOCÊ

    1- Por que o governo quer vender ações do IRB?

    Para aumentar as receitas e tentar cumprir a meta de economia prometida para 2015

    2- Qual o problema se a meta não for cumprida?

    Quanto menos economia o governo faz, maior o risco da dívida pública crescer. Se a dívida cresce, credores cobram juros maiores do país —e de empresas brasileiras—, dentre outras consequências

    3- Quanto o governo pretendia arrecadar com a abertura de capital do IRB?

    Não há estimativa oficial. A previsão inicial era de R$ 4 bi; a atual é de R$ 1,5 bi

    4- Por que a previsão de receitas com a venda caiu?

    Em momentos de incerteza sobre o futuro da economia, investidores têm menos propensão a comprar papeis de maior risco, como ações. Com isso, o preço dos papeis cai

    5- Sem a receita extra, o governo tem alternativa?

    Para cumprir a economia prometida sem o aumento de receitas, seria preciso cortar gastos, o que é praticamente impossível neste ano. Por isso, cresce a chance de o governo rever sua meta, anunciando um novo rombo nas contas públicas neste ano

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