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    Para fazer caixa, Petrobras negocia alugar terminais de gás natural

    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    17/10/2015 02h00

    A Petrobras negocia abrir seus terminais de importação de gás natural para terceiros, em mais um movimento na tentativa de ampliar suas fontes de receita em meio à crise financeira.

    A medida pode baixar o preço do gás no país, ao ampliar a competição entre fornecedores.

    São três terminais (Rio, Bahia e Ceará), por meio dos quais a empresa importa gás natural liquefeito (GNL, gás resfriado a -160°C até atingir o estado líquido, permitindo o transporte em navios).

    As instalações são chamadas de terminais de regaseificação, porque levam o gás de volta ao estado gasoso.

    A Folha apurou que a Petrobras já enviou a eventuais interessados documento com propostas para o compartilhamento da infraestrutura de importação e transporte de gás, criando o serviço de aluguel dos terminais para uso por terceiros.

    Receberam a proposta empresas que têm térmicas e vendedores de gás natural, mediante a assinatura de acordo de confidencialidade.

    Em nota, a estatal confirmou as negociações, que fazem parte do plano para ampliar geração de caixa.

    "Além de uma nova fonte de receita, o aluguel dos terminais tiraria das costas da Petrobras a obrigação de importar gás para abastecer o mercado", diz o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura.

    A estatal é hoje a única fornecedora do combustível no país e vem sendo forçada a importar para atender as necessidades do mercado. Neste ano, até julho, ela importou o equivalente a 19% da demanda nacional no período.

    Em seus últimos balanços, ela tem identificado as importações de gás como um dos fatores com impacto negativo no resultado, devido ao descompasso entre o custo do combustível e o preço de venda no mercado interno.

    Segundo Pires, a abertura do mercado a novos fornecedores pode resultar em preços mais baixos no futuro. "Para o consumidor, a concorrência é sempre benéfica."

    ABERTURA

    O mercado de gás natural é aberto, mas o domínio da infraestrutura de transporte pela Petrobras dificulta a entrada de novos vendedores.

    Há hoje três projetos de terminais de GNL privados no país, localizados no Rio Grande do Sul, em Sergipe e em Pernambuco, de empresas que não conseguiram comprar gás da Petrobras para construir térmicas.

    O fim da concentração é defendido pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) para melhorar a competitividade dos produtos brasileiros.

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    • E EU COM ISSO? AONDE VAI O GÁS

    1- Para que servem os terminais?

    Permitem que o gás natural importado, que chega liquefeito (resfriado a 160° negativos para ficar líquido), volte ao estado gasoso

    2- Por que a Petrobras vai abrir seus terminais?

    Para ampliar suas fontes de receita

    3- Quem será beneficiado com a abertura?

    Empresas que têm usinas térmicas e vendedores de gás natural poderão comprar o produto de outros fornecedores —hoje, só a estatal fornece o combustível

    4- Como isso afeta o consumidor?

    Há excesso de oferta de gás no mundo, e, com a concorrência, a tendência é que caia o preço para o consumidor

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