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    Tributação especial faz cervejarias artesanais prosperarem no Reino Unido

    ALEX SABINO
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DA ESCÓCIA

    18/10/2015 02h00

    O número de pequenas cervejarias no Reino Unido explodiu nos últimos 20 anos. Atualmente são cerca de 1,4 mil microempresas que contribuem em R$ 125 bilhões para o PIB (Produto Interno Bruto) do país e arrecadam R$ 74,5 bilhões.

    Destas, 300 exportam suas marcas para 52 nações. Entre elas, o Brasil.

    "As cervejarias independentes brasileiras podem seguir nosso exemplo. Também devem explorar outros mercados. Há um movimento favorável para novos sabores entre as pessoas que gostam de cerveja. Os pequenos fabricantes britânicos usam isso bem. Mas é preciso de incentivo e ajuda", afirma Rob Jenner, diretor de vendas da escocesa LochNess Brewery.

    A companhia faz parte da Society of Independent Brewers (Sociedade de Cervejeiros Independentes, em inglês), organização que representa 800 marcas do setor.

    Jenner acredita que o próprio Reino Unido tem espaço para a expansão das importadas. Norte-americanos têm investido no país, especialmente fabricantes artesanais. De toda a cerveja consumida na Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, 81% ainda são produzidas localmente.

    "O mercado mudou nos últimos tempos e de maneira favorável para as pequenas cervejarias porque existe uma revolução na maneira que as pessoas se alimentam. Elas buscam coisas diferentes, mais naturais, feitas artesanalmente, com harmonizações. As cervejas oferecem isso", lembra o diretor da LochNess.

    Empresas como a BrewDog, um dos maiores nomes independentes do Reino Unido, exportam para mais de 40 países. Do faturamento total, 60% vêm das vendas para o exterior.

    A exportação é o caminho para as pequenas que não conseguem espaço nos pubs britânicos que vivem uma crise sem precedentes. Os números oficiais são que cerca de 30 fecham a cada semana, vítimas do arrocho econômico.

    A expansão dos produtores artesanais começou em 2002, quando o então primeiro ministro Gordon Brown introduziu um sistema de imposto progressivo para o setor. As microcervejarias passaram a receber incentivos fiscais, iniciando o crescimento no número de fabricantes.

    "Exportar pode ser um grande desafio para cervejarias pequenas e estas precisam também de informação, aconselhamento e portas abertas ao redor do mundo", diz Mike Benner, diretor da Sociedade de Cervejeiros Independentes.

    A entidade funciona como fomentadora das exportações das fermentadas britânicas e como lobista para que os incentivos fiscais sobrevivam às medidas de austeridade econômica do governo. Pressiona para que as empresas que mandam seus produtos para o exterior recebam ainda mais alívio fiscal, sob o argumento de que geram 900 mil empregos e contribuem para a cadeia produtiva. Cada vaga criada na cervejaria é responsável por outras 18 em bares.

    A Sociedade identifica possíveis mercados para seus filiados e faz a intermediação de contratos. Em alguns casos, ajuda no início da comercialização para dar o primeiro impulso. "Não queremos substituir as companhias tradicionais que já exportam seus produtos, mas é fundamental oferecer a primeira oportunidade comercial no exterior para muitas marcas. Olhar para fora (do país) oferece a melhor possibilidade de crescimento", completa Benner.

    Nos últimos dois anos, a produção das cervejarias independentes cresceu 9%. A divulgação nas redes sociais e a aceitação de pedidos em lojas virtuais, viabilizando a entrega no exterior em um prazo razoável, também são apontados como fatores importantes pelos especialistas no setor.

    Veja dicas para começar a exportar

    Entidades como Sebrae e Invest & Export Brasil oferecem auxílio para empresários que planejam começar a exportar. O Invest & Export Brasil aconselha também onde conseguir investimentos para iniciar as vendas para o exterior.

    Incentivos fiscais

    Exportadores são isentos do pagamento do IPI (Imposto de Produtos Industrializados), COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), PIS (Programa para Integração Social) e não há incidência de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)

    Mercados mais promissores

    Por enquanto, maior parte das exportações brasileiras de cervejas estão no continente americano: Bolívia, Colombia, Estados Unidos, Peru, Paraguai. Mercados europeu são os de maior potencial de crescimento, embora exijam maior investimento.

    Vendas

    Sem uma entidade que faça a intermediação dos cervejeiros artesanais brasileiros com mercados no exterior, a situação viável para pequenas empresas é buscar fazer parcerias com empresas que podem fazer a distribuição do produto no exterior. Até mesmo para atender mais rapidamente pedidos de clientes em que o transporte internacional levaria mais de uma semana.

    Marketing

    Além de feiras do setor, cervejarias independentes do Reino Unido e dos Estados Unidos contam com associação que trabalham na divulgação e marketing dos associados (Society of Independent Brewers e Brewers Association, respectivamente). Sem essas ferramentas, sobram para as marcas brasileiras apostar nas redes sociais e na propaganda entre os próprios consumidores, apostando em sabores próprios e exclusivos.

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