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    Ritmo da China desacelera e eleva medo de deflação global

    TONI SCIARRETTA
    ANDERSON FIGO
    DE SÃO PAULO

    20/10/2015 02h00

    A desaceleração da economia chinesa, que cresce no menor ritmo desde 2009, derrubou os preços das principais matérias-primas e alimentou o receio de deflação prolongada no mundo.

    A China anunciou na manhã desta segunda (noite de domingo no Brasil) redução do ritmo de crescimento anual de 7% para 6,9% do segundo para o terceiro trimestre de 2015.

    Um dos dados mais preocupantes foi a desaceleração dos investimentos, sugerindo menor capacidade de produção. O investimento em infraestrutura e máquinas cresceu 6,8% no terceiro trimestre; no segundo trimestre, superava 10% e, em 2014, 15%.

    EFEITO CHINÊS - Variação do PIB da China ante igual trimestre do ano anterior, em %

    A ameaça de redução generalizada nos preços americanos de combustíveis, alimentos e insumos aumenta a pressão para que o Fed (BC dos EUA) adie a alta de juros, prevista pela maioria do mercado entre o fim de 2015 e início de 2016. Uma das metas do BC é de uma inflação próxima a 2% —ela ficou zerada no mês passado.

    O Fed, que citou temor com a China em setembro para manter os juros perto de zero, decide sobre a taxa americana na semana que vem.

    Comum nas recessões prolongadas, como a do Japão nos anos 90, a deflação segura o crescimento econômico ao estimular o consumidor a adiar gastos e a manter o dinheiro no banco, mesmo com juros próximos de zero. Com os preços em queda, o dinheiro rende mais no futuro.

    NO MUNDO - Variação das moedas ante o dólar nesta segunda (19), em %

    Diante da fraqueza da segunda maior economia do mundo, os preços do petróleo recuaram nesta quarta mais de 3% e arrastaram também os metais e os alimentos.

    O impacto foi sentido nas moedas dos países produtores de insumos e alimentos para China, como o Brasil. Com exceção do dólar de Hong Kong, as demais 23 moedas emergentes caíram, segundo a Bloomberg (veja quadro abaixo). As maiores baixas foram as das moedas malaia (-2,3%), russa (-1,4%) e brasileira (-1,35%).

    EFEITO NO BRASIL

    Maior parceira comercial do Brasil, a China compra 20% das exportações do país. Os principais itens exportados são soja e minério de ferro, produzido pela Vale.

    As ações preferenciais (sem voto) da Vale caíram 3,09%, para R$ 14,72, apesar de a companhia ter anunciado recorde na produção de minério de ferro no terceiro trimestre. O Ibovespa, principal termômetro dos negócios, avançou 0,45%.

    No país, as preocupações em relação à China se somaram às dúvidas sobre a permanência do ministro Joaquim Levy no governo.

    Pela manhã, a moeda americana chegou a ser negociada acima de R$ 3,90. O dólar à vista (mercado financeiro) subiu 1,37%, para R$ 3,894. O comercial teve alta de 0,12%, para R$ 3,878.

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