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    o impeachment

    Banco Central mantém taxa de juros em 14,25% ao ano

    DE SÃO PAULO

    21/10/2015 20h27

    O Banco Central manteve a taxa básica de juros (Selic) em 14,25% ao ano, mas afirmou que a inflação vai demorar mais para chegar ao objetivo de 4,5%.

    Desde julho, a instituição afirmava que seu objetivo era atingir esse valor no final de 2016. Na reunião de setembro, o BC interrompeu uma sequência de sete altas consecutivas.

    Agora, o órgão afirma que vai manter os juros nesse patamar "por período suficientemente prolongado" para alcançar essa meta "no horizonte relevante da política monetária", período que vai até outubro de 2017.

    No comunicado da decisão, o BC afirmou também que "a política monetária se manterá vigilante para a consecução desse objetivo", expressão que indica a possibilidade de novas altas de juros em caso de forte alta da inflação ou das projeções para os índices de preços.

    Taxa básica de juros (Selic)

    A decisão de manter os juros, divulgada nesta quarta-feira (21) pelo Copom (Comitê de Política Monetária), já era esperada pela maior parte do mercado financeiro . E foi anunciada no mesmo dia em que o IPCA-15, uma espécie de prévia do índice oficial de inflação, alcançou 9,8% em 12 meses.

    A principal dúvida entre os analistas era se a instituição manteria a estratégia de trazer a inflação para a meta no próximo ano ou se jogaria a toalha e adiaria o compromisso para 2017.

    A instituição ainda poderá dar uma sinalização nesse sentido na quinta-feira (29), quando será divulgada a ata desta reunião do Copom.

    As últimas projeções coletadas pelo BC na pesquisa Focus mostram que o mercado espera que os juros sejam mantidos nesse nível, pelo menos, até junho de 2016. Em relação à inflação, a estimativa para 2016 está em 6,12%, próxima do limite de 6,5%.

    Inflação - Índice de variação de preços medido pelo IPCA-15, em %

    O BC chegou a dizer que voltaria a subir os juros se as projeções de inflação se distanciassem "de forma significativa" dos 4,5%, mas não o fez até o momento. Na avaliação de vários analistas, um aperto monetário adicional traria muitos custos para a atividade e pouco resultado em termos de conter a inflação.

    A instituição tem dito que precisa manter os juros elevados para que a alta da inflação causada pelo dólar e pelo reajuste de tarifas e preços controlados não se espalhe por toda a economia. O desemprego causado pelo aperto na taxa, por exemplo, evita o repasse de toda a inflação para os salários.

    SELIC
    Saiba mais sobre a taxa básica de juros
    NOTAS DE 20 REAIS

    Os juros, por outro lado, não têm efeito sobre o câmbio, neste momento, nem sobre decisões em relação a preços de combustíveis, por exemplo. E são esses os fatores, segundo o governo, que levaram à piora nas projeções para o índice de preços neste e no próximo ano.

    QUEDA DO PIB

    Em relação à atividade, a instituição mantém o discurso de que o crescimento só virá pela melhora na confiança na economia, o que depende da queda da inflação e do ajuste nas contas públicas.

    A expectativa do mercado é de dois anos de queda no PIB (Produto Interno Bruto), neste e no próximo ano.

    A alta dos juros tem contribuído para travar, principalmente, o crédito para empresas, cujas concessões caíram 5% neste ano. Para pessoa física, houve aumento de 1,5%.

    Os juros estão hoje no maior patamar em nove anos. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 24 e 25 de novembro.

    PIB]

    O QUE É SELIC E COMO AFETA A ECONOMIA

    A taxa de juros é o instrumento utilizado pelo BC (Banco Central) para manter a inflação sob controle ou para estimular a economia.

    Se os juros caem muito, a população tem maior acesso ao crédito e, assim, pode consumir mais. Esse aumento da demanda pode pressionar os preços caso a indústria não esteja preparada para atender um consumo maior.

    Por outro lado, se os juros sobem, a autoridade monetária inibe consumo e investimento —que ficam mais caros—, a economia desacelera e evita-se que os preços subam, ou seja, que haja inflação.

    Com a alta da taxa básica de juros (Selic), o BC aumenta a atratividade das aplicações em títulos da dívida pública. Assim, começa a "faltar" dinheiro no mercado financeiro para viabilizar investimentos que tenham retorno maior que o pago pelo governo. Se a taxa cai, ocorre o inverso.

    É por isso que os empresários pedem cortes nas taxas: para viabilizar investimentos, ainda mais em tempos de economia fraca, como agora. Nos mercados, reduções da taxa de juros viabilizam normalmente migração de recursos da renda fixa para a Bolsa de Valores.

    Em um cenário normal, é também por esse motivo que as Bolsas sobem nos Estados Unidos ao menor sinal do Federal Reserve (BC dos EUA) de que os juros possam cair.

    Quando o juro sobe, acontece o inverso. O investimento em dívida absorve o dinheiro que serviria para financiar o setor produtivo.

    Arte boletim Focus

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