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    Cliente oculta de luxo já comprou joias durante avaliação

    DIEGO IWATA LIMA
    DE SÃO PAULO

    26/10/2015 01h00

    Tornar-se um cliente oculto não é um processo difícil. Mas, às vezes, pode ser demorado.

    V.T., 26, não identificada a pedido da agência em que trabalha, está há cerca de um ano fazendo avaliações. Mas só foi chamada um ano após preencher o cadastro no site da OnYou.

    "Eles queriam saber, além das informações de renda e escolaridade, os locais que eu frequentava, o que gosto de fazer, para segmentar que tipo de estabelecimento eu poderia avaliar", diz.

    V.T. Não costuma ser remunerada para fazer as avaliações. Recebe apenas reembolso das despesas que faz nas visitas. Mas não se queixa.

    "Eu gosto muito da experiência, de conhecer lugares. E acaba até sendo um passeio para levar amigos ou meu namorado", conta a cliente secreta, farmacêutica de formação.

    Após as visitas, os clientes secretos preenchem formulários com detalhes sobre o atendimentos e os produtos. Os itens constantes dos relatórios são formulados a quatro mãos pelas agências e os clientes.

    V.T. também já ficou hospedada em hotéis de São Paulo, nos quais teve de bancar a cliente chata, que pedia troca incessante de travesseiros, entre outros pontos. E se matriculou em cursos de inglês, que abandonou meses depois, sem grandes explicações à escola. "Eles queriam testar como era o processo de cancelamento de matrículas", diz.

    Mas a maior parte de suas avaliações acontecem mesmo em estabelecimentos de alimentação.

    Em um café na região do luxuoso bairro dos Jardins, em São Paulo, ela passou por uma situação delicada. "Eu tive de relatar, infelizmente, que havia uma barata no estabelecimento enquanto eu era atendida", diz. "Pior é que era um lugar que eu adorava frequentar e que oferece um ótimo serviço, normalmente", lamenta-se.

    CLIENTE DE LUXO

    D.M., 42, há dois anos na função, tornou-se cliente secreta apedido de uma amiga que trabalha na Shopper Experience, pioneira no setor.

    "Ela precisava de alguém com um padrão de vida mais alto, que frequentasse com desenvoltura alguns tipos de estabelecimentos, que conhecesse produtos de alto luxo", diz.

    Em suas avaliações. D.M., que afirma adorar o trabalho, já testou carros de luxo e até comprou joias.

    "Eu gostei tanto do produto que deveria conhecer, que acabei comprando", conta, entre risos. "Já houve casos em que quis comprar, mas havia a recomendação expressa de que eu não fizesse, porque observar a reação dos vendedores com a desistência era parte do procedimento de avaliação", diz.

    Além dos carros e das joias, D.M. Também já ficou hospedada em flats na região do Itaim-Bibi, bairro nobre da zona sul de São Paulo.

    Em certa ocasião, D.M. Precisou reportar uma conduta inadequada de uma funcionária. "Ela me atendeu o tempo todo olhando para o celular. Aí, não dá", conta.

    Devido à raridade de seu perfil sócio-econômico entre as pessoas que se prestam a fazer avaliações, D.M. recebe até R$ 500 por avaliação, dependendo da empresa que avalia.

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