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Eco Sapucaí, edifício de escritórios que está vazio no Centro do Rio |
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Mercado
Thursday, 02-May-2024 19:31:00 -03Desertos, prédios esperam empresas no Rio
BRUNO VILLAS BÔAS
DO RIO25/10/2015 02h00
Com obras concluídas há seis meses na região central do Rio, ao lado do Sambódromo, o edifício EcoSapucaí chama atenção pela arquitetura de Oscar Niemeyer, uma fachada de 22 mil metros quadrados de vidros, e pela a absoluta falta de inquilinos.
A cinco quilômetros dali, o Port Corporate Tower, primeiro da revitalização da região portuária, foi inaugurado há quase um ano, mas só tem um ocupante: a Tishman Speyer, a proprietária do empreendimento. O edifício custou cerca de R$ 280 milhões.
Os projetos fazem parte de uma leva de prédios corporativos -ramo chamado de lajes, em que empresas alugam até andares inteiros- lançados no início desta década, no embalo da revitalização das regiões para a Olimpíada.
Esses edifícios estão ficando prontos agora, em plena crise da economia e do setor de óleo e gás no Rio, afetado pela desaceleração dos investimentos da Petrobras. Os prédios estão às moscas.
Segundo a empresa de pesquisa imobiliária Buildings, as duas regiões -que incluem bairros como Centro, Cidade Nova, Santo Cristo, Saúde, Lapa, Gamboa- têm 358 edifícios corporativos, num total de 3,5 milhões de metros quadrados.
Na região central, 9,9% dos espaços estão vagos, acima da média da cidade para o segmento (9,1%) e maior taxa desde 2005. Já a zona portuária tem 22,05% de espaços em vacância (vazios), perto da média dos últimos trimestres da área, que antes estava abandonada.
"São 119 mil m² de lajes lançados nas regiões em um ano, num momento de queda da demanda", afirma Jonas Libardi, supervisor na Buildings. "E vai piorar porque 60 mil m² ficam prontos até o fim do ano."
Os aluguéis também pararam de subir. Segundo a Building, o metro quadrado corporativo ficou estável em R$ 95 do segundo para o terceiro trimestre no Centro.
Segundo Adriano Sartori, vice-presidente da CBRE Brasil, consultoria imobiliária, as empresas estão adiando mudanças de escritório pela dificuldade de planejar o negócio num horizonte de mais de um ano.
"O mercado do Rio acaba mais afetado porque é muito ligado ao setor de óleo e gás, que sofre com tudo isso que está no noticiário", diz Sartori. "Mas há oportunidades. São prédios excelentes".
O EcoSapucaí, por exemplo, tem heliponto, sala de reunião, lojas, restaurantes e uma das maiores lajes do mercado (quase 5.000 m²). O aluguel de metro quadrado custa R$ 110 por mês. O preço varia conforme a negociação.
Com a dificuldade de atrair inquilinos, o prejuízo, neste caso, fica para o fundo soberano de Cingapura, que comprou o prédio da gestora Hemisfério Sul Investimentos (HSI) no início deste ano.
REVISÃO DE PROJETOS
Com o mau momento do mercado, metade dos empreendimentos com previsão de entrega até 2018 na zona portuária deve ser postergada ou cancelada, segundo Thierry Botto, diretor da Cushman & Wakefield no Rio de Janeiro. São cerca de 20 prédios programados.
"Existem diversos projetos que foram anunciados para a região, mas que estão ainda sem aprovação na prefeitura e terreno comprado", disse Botto.
O conjunto de cinco torres do magnata norte-americano Donald Trump seria um candidato a isso. Com valor de venda de até R$ 6 bilhões, as Trump Towers ainda estão em avaliação na prefeitura e podem ou não começar a ser construídas em 2016.
Para Botto, a postergação de projetos adia a ocupação da região portuária, mas não atrapalha sua revitalização. Uma PPP (Parceria Público-Privada) está investindo R$ 8 bilhões na região, com recuperação de ruas, praças e construção de museus.
Procurada, a Tishman Speyer disse que investe com visão de longo prazo. A CBRE, comercializadora do EcoSapucaí, por exemplo, disse que negocia com empresas a locação das lajes.
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