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    'A Levy só resta chorar' sem reformas radicais, diz economista

    DE SÃO PAULO

    29/10/2015 12h35

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem pouca margem para fazer ajuste, diz economista
    Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem pouca margem para fazer ajuste, diz economista

    "Não há nada que Joaquim Levy possa fazer além de chorar", afirmou Mansueto Almeida, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, em debate no 5º Fórum de Políticas Públicas realizado pelo Insper, com o apoio da Folha, nesta quinta (29).

    O pesquisador defendeu que há pouquíssima margem para fazer um ajuste fiscal sem que se mudem regras que afetam as despesas públicas.

    Dentre as amarras para a redução de gastos estão a vinculação de gastos com saúde e educação, gastos com programas sociais e com a Previdência. Como, por lei, eles tendem a crescer nos últimos anos, seria preciso elevar a carga tributária em oito pontos percentuais nos próximos 15 anos, independentemente de crescimento do PIB.

    Para o pesquisador, "não há como manter os programas sociais sem fazer uma reestruturação radical dos próprios programas, da Previdência e da estrutura tributária, que privilegia os mais ricos".

    O ex-coordenador-geral de Política Monetária e Financeira na Secretaria de Política Econômica no Ministério da Fazenda afirmou também que, até o final do governo Dilma, a conta de subsídios será alta, porque o país estará pagando a conta do que já foi concedido.

    Ele exemplificou com o programa de renovação da frota de caminhões: os veículos foram vendidos com subsídio do BNDES em um financiamento de cinco anos, com juros de 3,5% ao ano, abaixo da inflação. Isso gerou um custo de R$ 26 bilhões para o Tesouro. Independentemente do que acontecer, esse custo está contratado, e, como consequência, esse custo já está em R$ 27 bilhões.

    "Dar subsídios é normal, todos os países fazem isso. A questão é qual o custo e qual o retorno para permitir uma análise de custo de subsídio", diz Mansueto.

    O pesquisador citou a exposição de Gabriel Ulyssea sobre a ineficácia de programas de incentivo à formalização do trabalho no Brasil, realizada no mesmo evento.

    As políticas que usaram subsídios do BNDES foram extremamente caras e não trouxeram o crescimento adequado.

    O pesquisador também criticou o Simples, que foi tema das palestras anteriores. "O custo é de R$ 11 bilhões por ano, com resultados muito questionados."

    O seminário, que tem transmissão ao vivo pela internet, abordará ainda a equidade fiscal, de Fernando Gaiger, do Ipea.

    À tarde, o tema tratado será o papel do terceiro setor, com apresentações de Eduarda La Rocque, presidente do Cariocas em Ação, Sérgio Lazzarini, do Insper, e Ricardo Paes de Barros, professor titular da Cátedra Instituto Ayrton Senna no Insper e coordenador do Núcleo de Pesquisa em Ciências para Educação do CPP.

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