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    Ouro e fundos cambiais caem em outubro, mas lideram em 12 meses

    DANIELLE BRANT
    ANDERSON FIGO
    DE SÃO PAULO

    30/10/2015 18h53

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    Dólar cai no mês, mas tem valorização de 56,6% em 12 meses
    Dólar cai no mês, mas tem valorização de 56,6% em 12 meses

    A queda de 2,33% do dólar em outubro fez com que fundos cambiais e o ouro deixassem de encabeçar o ranking de investimento da Folha pela primeira vez desde junho. Em 12 meses, contudo, ambos continuam liderando os ganhos entre as aplicações avaliadas. O levantamento desconta Imposto de Renda. Quando há perda, o IR não é cobrado.

    Em outubro, o ouro perdeu 0,53%. Em 12 meses, porém, o ouro ganhou 49,54%, ajudado pela alta de 56,6% do dólar. O metal é isento de IR para movimentações até R$ 20 mil e tem seu preço formado pela cotação da moeda americana e pelo valor do ouro no exterior.

    Já os fundos cambiais acumularam perda de 2% no mês e ganho de 47,23% em 12 meses (após desconto de IR, que é de 17,5% na categoria). Apesar de se beneficiar do atual contexto de valorização do câmbio, a aplicação em fundo cambial é mais indicada a quem precisa se proteger da oscilação do dólar ou do euro. É o caso das pessoas que têm despesas programadas em moeda estrangeira —como um filho que mora no exterior, por exemplo.

    Ranking de investimentos - Ouro e fundos cambiais são destaque em 12 meses

    Fora dessa circunstância, o produto não é recomendado por consultores como alternativa a pequenos investidores, uma vez que o preço do dólar oscila muito e as taxas de juros, que remuneram a renda fixa, estão elevadas —atualmente, a Selic (taxa básica de juros) está em 14,25% ao ano. Vale destacar ainda que a rentabilidade passada não é garantia de rendimento futuro.

    A inflação medida pelo IPCA (índice oficial) foi de 9,49% nos 12 meses encerrados em setembro. Para outubro, a projeção é de 0,78%, de acordo com a mais recente pesquisa semanal do Banco Central com economistas (o Boletim Focus).

    Além do desempenho no mês, que ajuda a identificar as principais influências momentâneas sobre os investimentos, o retorno em 12 meses é considerado no levantamento da Folha como forma de avaliar o desempenho dos investimentos em um prazo maior. Manter uma aplicação por pelo menos um ano também reduz a alíquota de IR a pagar em alguns casos.

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    FUNDOS

    Neste mês, o ranking passa a incluir a nova classificação de fundos da Anbima. Saem então as categorias renda fixa e DI e entram as seguintes: renda fixa simples —voltada ao pequeno investidor—; renda fixa duração baixa grau de investimento —fundos que aplicam pelo menos 80% em títulos públicos ou ativos com baixo risco de crédito— e renda fixa duração baixa soberano —que investem 100% em títulos públicos.

    O aumento do juro básico (Selic) favorece esses fundos, que têm títulos públicos em sua carteira. Em 12 meses, o maior ganho entre os três foi registrado pelos fundos de renda fixa simples, que subiram 10,94% (após o desconto de IR). Em outubro, o retorno foi de 0,82%.

    Os fundos de renda fixa duração baixa grau de investimento e o soberano registraram ganhos de 10,75% e 10,49% em 12 meses, respectivamente. Em outubro, as valorizações foram de 0,79% e 0,78%.

    A poupança —tanto para depósitos até 3 de maio de 2012 quanto após essa data— rendeu 7,86% em 12 meses e 0,68% no mês.

    DÓLAR

    A moeda americana foi afetada pela crise política e também por dados econômicos que fortalecem a perspectiva de um aumento de juros nos Estados Unidos ainda neste ano.

    Aqui, o governo segue com dificuldades para aprovar as medidas de ajuste fiscal, o que fez a agência de classificação de risco Fitch rebaixar a nota de crédito do país de "BBB" para "BBB-", com perspectiva negativa.

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    Isso representa grande possibilidade de o país ser novamente rebaixado —o que faria o Brasil perder o selo de bom pagador e forçaria grandes fundos a retirarem investimentos alocados aqui.

    A situação do país junto às agências de classificação de risco ficou mais sensível após o governo oficializar que espera deficit primário de R$ 51,8 bilhões nas contas de 2015.

    A sinalização do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de que a economia americana já apresenta sinais sólidos de que pode suportar um aumento na taxa de juros também influenciou a moeda em outubro.

    Após a última reunião do comitê de política monetária do Fed, as expectativas de uma elevação dos juros em dezembro deste ano aumentaram para 50% —contra perspectiva anterior de alta apenas em março de 2016.

    Caso isso ocorra, os investidores poderiam retirar o dinheiro de países emergentes, como o Brasil, e aplicar nos títulos americanos, considerados mais seguros. Com a perspectiva de maior saída de dólares da economia brasileira, a cotação da moeda sobe.

    OURO

    Para investir na commodity, é possível comprar contratos negociados na BM&FBovespa, que são padronizados em 250 gramas. O grama hoje está R$ 140,25.

    Quem quiser comprar uma barra terá de desembolsar R$ 35.062. Há corretoras, porém, que oferecem contratos com quantidades menores do metal.

    O metal é considerado uma opção segura de investimento e, por isso, é mais procurado em momentos de instabilidade no mercado financeiro, como o atual.

    BOLSA

    No mercado acionário brasileiro, o principal índice registrou alta de 1,80% no mês —quebrando sequência de três meses de desvalorização. Em 12 meses, porém, o Ibovespa ainda acumula queda de 16,23%.

    Os fundos de ações livres, alternativa para o pequeno investidor que aplica em Bolsa, tiveram ganho de 2,62% (após IR) em outubro e de 3,37% em 12 meses.

    O rebaixamento do país, a instabilidade política e as turbulências no exterior foram contrabalançados por valorizações de papéis com grande peso na Bolsa, como Petrobras e Vale.

    As ações preferenciais (mais negociadas e sem direito a voto) da petrolífera encerraram outubro com ganho de 6,49%, enquanto as ordinárias (com direito a voto) subiram 9,84%. Em 12 meses, porém, os papéis têm desvalorização de 49,5% e 36%, respectivamente.

    No caso das ações da mineradora, as ações preferenciais subiram 5,33% e as ordinárias ganharam 2,90%. Em 12 meses, as quedas são de 35% e 32%, na ordem.

    Na avaliação de especialistas, a instabilidade do mercado acionário torna mais atraentes para o pequeno investidor as opções na renda fixa, aproveitando a alta taxa de juros desses produtos.

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