Os mercados acionário e cambial tiveram uma sessão de ajuste nesta terça-feira (3), após o feriado de Finados na véspera, quando não houve negociações. Enquanto a Bolsa brasileira disparou mais de 4%, na maior alta diária em quase um ano, o dólar afundou mais de dez centavos sobre o real.

A desvalorização da moeda americana foi amparada na atuação mais intensa do Banco Central no câmbio, provendo liquidez ao mercado. A autoridade realizou dois leilões de até US$ 500 milhões, no total, com compromisso de recompra em 2 de fevereiro e 4 de abril de 2016.

O BC também deu continuidade aos seus leilões diários de swaps cambiais para estender os vencimentos de contratos que estão previstos para o mês que vem. A operação, que equivale a uma venda futura de dólares, movimentou US$ 591,8 milhões.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou com desvalorização de 2,71%, para R$ 3,752 na venda. Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, recuou 2,35%, a R$ 3,770. Ambas as cotações atingiram mínimas na casa de R$ 3,74 durante a sessão.

Cotação do dólar comercial durante esta terça-feira - Em R$

No exterior, o dólar caiu sobre 15 das 24 principais moedas emergentes do mundo. O real teve a segunda maior valorização contra a divisa americana, atrás apenas do peso colombiano.

"Os mercados emergentes estão se beneficiando, desde o último mês, da menor aversão ao risco global. Há expectativa de continuidade dos estímulos por parte do Banco Central Europeu e da autoridade monetária do Japão, além da menor preocupação com a desaceleração chinesa", disse Ignácio Rey, economista da Guide Investimentos.

Para o analista Raphael Figueredo, da Clear Corretora, o mercado tem sofrido, nas últimas sessões, menos influência do cenário político brasileiro, que vinha pressionando a cotação do dólar desde o início do ano. "Vamos ter recesso daqui a pouco, e questões políticas vão demorar a ser resolvidas. O investidor tem que operar, por isso está se voltando mais para o cenário internacional", disse.

O alívio no mercado cambial nesta terça-feira se refletiu na queda das taxas dos contratos de juros futuros na BM&FBovespa. O DI para janeiro de 2016 recuou de 14,270% para 14,249%, enquanto o DI para janeiro de 2021 apontou taxa de 15,700%, ante 15,950% na sessão anterior.

AÇÕES DISPARAM

Na Bolsa, o principal índice brasileiro disparou mais de 4% nesta sessão, se distanciando dos mercados acionários no exterior, que tiveram leves ganhos. O Ibovespa subiu 4,76%, para 48.053 pontos. Foi a maior alta diária desde 21 de novembro de 2014, quando avançou 5,02%.

É também a maior pontuação desde 9 de outubro, quando estava em 49.338 pontos. O volume financeiro foi de cerca de R$ 8,9 bilhões —-acima da média diária do ano, de R$ 6,848 bilhões, segundo dados da BM&FBovespa.

O avanço do Itaú amparou o bom desempenho do Ibovespa no dia. O papel do banco, que é o ativo com maior peso dentro do índice, subiu 6,38%, para R$ 28,16. Investidores digeriram a notícia de que o Itaú lucrou R$ 5,945 bilhões no terceiro trimestre deste ano, aumento de 10% sobre o mesmo período de 2014.

Outros bancos também tiveram valorizações e ajudaram a sustentar o ganho da Bolsa brasileira. O Bradesco subiu 5,29%, enquanto o Banco do Brasil mostrou desempenho positivo de 8,83% e o Santander Brasil registrou alta de 6,65%.

As ações preferenciais da Petrobras, mais negociadas e sem direito a voto, acompanharam o avanço nos preços do petróleo no exterior e também fecharam no azul. Os papéis subiram 9,99%, para R$ 8,48 cada um.

Ainda na ponta positiva do Ibovespa, as ações da BM&FBovespa e da Cetip dispararam após as empresas confirmarem que estão em negociação para possível fusão. A primeira subiu 8,77%, para R$ 12,40, enquanto a segunda teve alta de 8,36%, a R$ 36,95.

Quem liderou a ponta positiva do índice foi a ação da Hypermarcas, que teve forte ganho de 21,14%, para R$ 21,20. A companhia informou na véspera que vendeu sua área de cosméticos para a multinacional Coty por cerca de R$ 3,8 bilhões.