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    Com alta de 60%, rombo de fundo de pensão da Petrobras vai a R$ 10 bi

    BRUNO VILLAS BÔAS
    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    04/11/2015 02h00

    O deficit da Petros (fundo de pensão da Petrobras) superou a marca de R$ 10 bilhões em seu principal fundo em julho deste ano. Houve aumento de 60% em apenas sete meses. Em dezembro, o buraco era de R$ 6,2 bilhões.

    Este é o valor que faltava para o Plano Petros do Sistema Petrobras (segundo maior do país, atrás do Previ, do Banco do Brasil) pagar todos os benefícios previstos até o último participante vivo ao longo das próximas décadas.

    O deficit cresce porque os investimentos do fundo renderam 5,8% no ano, abaixo da meta de 10,3% para o pagamento dos benefícios.

    Leo Pinheiro/Valor/Folhapress
    Henrique Jager, presidente da Petros
    Henrique Jäger, presidente da Petros

    Fernando Siqueira, conselheiro fiscal da Petros, disse que o retorno do plano foi afetado pela queda das ações na Bolsa e pela perda de valor de títulos públicos.

    Em relatório, os conselheiros fiscais Marcos André dos Santos e Ronaldo Tedesco afirmam que o retorno de algumas empresas estaria abaixo do esperado. Seriam os casos de Invepar, Lupatech, Dasa, Itausa e BRF. Só a participação na empresa de sondas Sete Brasil caiu 29% no ano, para R$ 1,2 bilhão.

    Segundo eles, existiria "baixa confiabilidade na direção do fundo em razão da percepção de que este vem sendo utilizado por grupos políticos para cumprir objetivos diversos de sua finalidade".

    A Polícia Federal abriu neste ano investigação, pela Operação Lava Jato, para apurar irregularidades no fundo de pensão da Petrobras.

    O plano tem 23 mil contribuintes e 55 mil aposentados que provavelmente terão que fazer contribuições extras para tapar o rombo a partir de 2017. Os contribuintes tendem a pagar mais, os pensionistas, a receber menos.

    Isso porque, pelas regras do setor, um fundo precisa de um plano para resolver o déficit em duas situações: ao manter por três anos seguidos resultados negativos ou quando eles superaram 10% do patrimônio do fundo.

    O Petros deve se encaixar nas duas situações. O fundo já teve deficit em 2013 (R$ 2,3 bilhões) e 2014 (R$ 6,2 bilhões). Este último valor equivalia a 9,44% do patrimônio no fim de 2014. Essa proporção deve ficar acima de 10% ao fim deste ano —em julho, os ativos líquidos do fundo somavam R$ 63,5 bilhões.

    Um grupo de trabalho da Petrobras já estuda propostas para equacionar o deficit. Além dos funcionários, a Petrobras terá que fazer contribuições extras, de R$ 1 para cada R$ 1 do participante.

    Procurada, a Petros disse que não comenta resultados parciais da fundação. E informou que sua rentabilidade foi de 238,72% nos últimos dez anos, superior à meta de 200,21% no período.

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