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    Jantar com Levy e Merkel daria indigestão, diz Nobel de Economia

    GIULIANA VALLONE
    DE SÃO PAULO

    05/11/2015 00h28

    Pedro Ladeira/Folhapress
    vBRASILIA, DF, BRASIL, 20-08-2015, 14h00: O ministro da Fazenda Joaquim Levy. A Presidente Dilma Rousseff durante almoço com a chanceler alemã Angela Merkel que está em visita oficial ao Brasil, no Palácio do Itamaraty. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, durante almoço com a chanceler alemã, Angela Merkel, que visitou o Brasil em agosto

    Um jantar entre o Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o ministro da Fazenda brasileiro, Joaquim Levy, resultaria em indigestão coletiva, afirmou o economista norte-americano.

    Stiglitz participou nesta quarta (4) do ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento, evento do qual a Folha é parceira, em São Paulo.

    "Provavelmente todos nós teríamos indigestão", disse o economista, conhecido por suas críticas a medidas de austeridade como as adotadas na Europa e no Brasil.

    "O que eu explicaria a eles é que esse tipo de austeridade não funciona. Isso já era óbvio há cinco, sete anos."

    O exemplo da Grécia, que vive hoje uma depressão econômica, foi utilizado por Stiglitz para dizer que a ideia de que a redução do deficit público, por si só, resulta em crescimento econômico está errada.

    "Mas Merkel continua dizendo: se eles sentirem a dor, eventualmente vão melhorar. Eu não sei se isso é algo como uma redenção pela dor, uma atitude bíblica, mas essa ideia tem sido minuciosamente descreditada", disse.

    Ao falar sobre a crise vivida pelo Brasil, o economista, que é professor da Universidade Columbia (EUA), afirmou que a desaceleração econômica aconteceria independentemente dos problemas políticos enfrentados pelo governo hoje.

    "Vocês teriam uma crise de qualquer forma, mas escolheram o momento errado para a crise política", afirmou, rindo.

    "Basicamente, todas as economias emergentes estão enfrentando um momento difícil. Uma das razões é a desaceleração da China, porque a demanda por commodities está diminuindo. Eles também estão sofrendo com o fim dos juros baixos nos EUA, que, aliás, não vão acabar, mas o medo disso terminar prejudica esses países."

    EDUCAÇÃO

    Stiglitz fez uma apresentação sobre o conceito de economia da informação, disseminado por ele e o economista Bruce Greenwald, que trata o conhecimento como bem de produção necessário para promover o crescimento e o desenvolvimento econômicos.

    Ele defendeu que os investimentos em educação e treinamento em empresas beneficiam não apenas as companhias que desembolsam os recursos mas as que estão ao seu redor. Por isso, afirmou, o governo brasileiro deveria conceder benefícios fiscais para encorajar o setor privado a investir na área.

    "Isso criaria uma força de trabalho mais dinâmica e mais educada da qual toda a sociedade se beneficiaria."

    O economista incentivou o investimento em pesquisa no Brasil e citou áreas em que o país é líder em tecnologia, como o etanol e a exploração de petróleo em águas profundas.

    "No mundo moderno, em que há tantas áreas, eu acredito que países como o Brasil podem assumir a liderança do conhecimento", disse.

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