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    Eletrobras lidera perda bilionária do setor de energia

    DE BRASÍLIA

    08/11/2015 02h00 Erramos: esse conteúdo foi alterado

    Divulgação
    Operario eletricista da CPFL trabalha em poste de energia. (Foto Divulgacao) ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Operário eletricista trabalha em poste de energia

    Além de levar à importação de combustíveis, a crise energética trouxe perdas bilionárias para empresas brasileiras. A maior delas foi para a Eletrobras, a holding de energia estatal.

    Pelos dados da CCEE, mercado de liquidação que faz um balanço do que cada empresa tem a receber e a pagar, a estatal de energia teve deficit de R$ 7 bilhões entre 2013 e agosto de 2015.

    Mas, na prática, a conta não ficou com a empresa. Foi repassada para quem comprou energia de meios alternativos (eólicas, por exemplo) e da hidrelétrica de Itaipu, que repassou o custo extra ao consumidor.

    Nos últimos quatro anos, valores de energia dispararam

    Quem também se deu mal foi a hidrelétrica de Jirau, que teria a pagar R$ 4,8 bilhões.

    Na prática, esses valores elevados levaram o mercado de curto prazo à beira do colapso. Empresas deficitárias obtiveram decisões judiciais e deixaram de pagar cerca de R$ 12 bilhões no período.

    Com isso, as empresas que têm a receber acabam não embolsando o dinheiro.

    Para tentar evitar o colapso, o governo editou medida provisória em que repassou mais um pedaço da conta para os consumidores em troca de as hidrelétricas abrirem mão das decisões judiciais e pagarem uma espécie de seguro. A medida ainda não foi apreciada pelo Congresso.

    OUTRO LADO

    A Eletrobras informou que, na prática, não fica com os débitos decorrentes do mercado de curto prazo e que os valores foram elevados por causa da escassez de recursos hídricos.

    A CCEE, organização feita pelo próprio mercado de comercialização, informou que o crescimento do mercado de curto prazo se deu pelo "montante de energia negociado e pela conjuntura hidrológica".

    Defendeu também que esse mercado deve ter um crescimento sustentável e que os agentes que não pagam podem ser punidos com multa e exclusão.

    O presidente da Energia Sustentável do Brasil, empresa responsável pela hidrelétrica de Jirau, Vitor Paranhos, afirmou que a empresa conseguiu decisão judicial de primeira instância e que, em setembro, passou a ter superavit de R$ 3,2 bilhões.

    Jirau estava sendo punida na CCEE por não ter entregue energia contratada devido a um atraso no início das operações. A decisão da Justiça garantiu à empresa que ela não precisava ter entregue a energia porque o atraso era sua responsabilidade.

    De acordo com Paranhos, a forma como o governo está tratando essa questão poderá comprometer investimentos no país, pois não há segurança para pegar financiamento para grandes obras.

    A Folha encaminhou perguntas ao Ministério de Minas e Energia e à Petrobras, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição.

    Além das empresas elétricas, a Vale e a Votorantim, dois grandes grupos industriais, faturaram com a crise: R$ 1 bilhão e R$ 800 milhões, respectivamente.

    Essas empresas produzem a energia que consomem e podem vender o excedente nesse mercado. A Votorantim afirmou que, em razão da crise internacional, houve um ajuste nos planos de investimento. A Vale informou que não iria se pronunciar.

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