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    o brasil que dá certo - educação

    Na contramão do país, Goiás melhora no ensino médio

    ANDRÉ MONTEIRO
    ENVIADO ESPECIAL A GOIÂNIA (GO)

    12/11/2015 02h00

    Na escola Genserico Jaime, em Anápolis (48 km de Goiânia), os alunos do ensino médio têm quase nove horas de aula por dia, fazem prova todas as semanas, usam uniforme, aprendem inglês e espanhol e ainda podem optar por atividades eletivas como música, jornal, teatro ou horta.

    "Cobro muito os alunos e os professores. Colocamos os alunos com as melhores médias em um quadro e só seleciono para trabalhar comigo professores diferenciados", diz Patrícia de Almeida Assunção, diretora do colégio.

    Parece até escola particular, mas ela faz parte da rede pública de Goiás, que vem se destacando por conseguir uma melhora, mesmo que tímida, nas avaliações da qualidade do ensino médio.

    Educação
    Iniciativas bem-sucedidas no Brasil
    Sala de aula em Sobral

    No último Ideb, que mede o desenvolvimento da educação no país, a rede estadual goiana subiu ao topo pela primeira vez ao aumentar sua nota enquanto a maior parte dos Estados piorou. Os Estados são os principais responsáveis pelo ensino médio, com 85% das matrículas.

    O resultado foi comemorado pelo governo Marconi Perillo (PSDB), que fixou placa com a nota 3,8 e um troféu em todas as escolas do Estado.

    Mas o desempenho dos alunos não melhorou e o índice só cresceu devido ao aumento da taxa de aprovação, um dos componentes do Ideb. Segundo a ONG Todos pela Educação, menos de 10% dos alunos atingiram a pontuação mínima considerada adequada na prova de matemática, por exemplo.

    A atual secretária de educação, Raquel Teixeira, 68, reconhece que a situação está longe do ideal. Mas ela diz que alguns fatores ajudaram Goiás, ao menos, a manter seu desempenho.

    Um deles foi garantir a presença do professor na escola, pagando um bônus no salário para quem falta menos.

    "Mas sem isso há faltas demais, a legislação permite, e a gente observa que só de ter aula já faz a diferença para o aluno. E não estou nem entrando no mérito da qualidade", afirma Teixeira.

    Questionada em outros Estados, inclusive em SP, a política de bônus será ampliada para incluir no cálculo um indicador de desempenho.

    Outra estratégia adotada foi um maior controle na presença dos alunos: um call center liga para os pais quando um aluno falta duas vezes.

    CURRÍCULO

    Garantida a aula, diz a secretária, o Estado teve também que lidar com a qualidade do ensino. Foi definido um currículo unificado e o Estado decidiu produzir o próprio material didático.

    Wisley Pereira, 35, superintendente de ensino médio da secretaria, diz ainda que um "choque na gestão" das escolas foi iniciado há alguns anos. Foram selecionados profissionais qualificados, chamados de tutores, que ficam responsáveis por grupos de até cinco escolas: cobram metas e ajudam na formação de diretores e docentes.

    A rede pública, porém, não é uniforme. As duas escolas estaduais com melhor desempenho no último Enem, por exemplo, são geridas pela Polícia Militar –que neste ano expandiu o número de colégios no Estado para 26.

    Outro grupo "de elite" é formado por escolas de tempo integral. Elas são 10% da rede e apenas 21, das 623 que oferecem ensino médio, adotam programa pedagógico mais completo e com metas mais rigorosas a serem cumpridas –caso da escola de Anápolis, a melhor da rede estadual regular no Enem.

    Mesmo com nota melhor que a de escolas privadas, sua estrutura já viu dias melhores. Uma reforma interrompida no meio deixou as paredes sem pintura. "Eu mesma peguei a brocha e passei cal. O refeitório fizemos com dinheiro de um bingo. O que falta em estrutura, compensamos no reforço pedagógico", conta a diretora Patrícia.

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    • GOIÁS

    População: 6.610.681

    Nota no Ideb (2013):
    > Rede pública estadual: 5,4 (4ª série/5º ano), 4,0 (8ª série/9° ano), 3,8 (ensino médio)

    Orçamento do Estado (2015): R$ 25,4 bilhões
    > para educação: R$ 4,3 bilhões, ou 17% do total*

    Atividade econômica: Agropecuária

    *Estado segue regra constitucional de aplicar 25% das receitas de impostos no ensino

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