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    Crise econômica e política aumenta leilões de bens pela internet

    FILIPE OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    15/11/2015 02h00

    A crise econômica e política brasileira aqueceu o mercado de leilões pela internet, com ofertas de itens para todos os bolsos.

    Por determinação do juiz Sergio Moro, seis apartamentos em um flat de Londrina (PR) de Alberto Youssef foram leiloados na sexta-feira (13). No dia 23, a participação que o doleiro tem um hotel em Salvador e uma lancha do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, ambos investigados na Operação Lava Jato, também irão a pregão.

    Os bens de Youssef foram avaliados em mais de R$ 5 milhões, e a lancha de Costa, em R$ 3 milhões. Os leilões acontecem on-line, na plataforma Superbid.

    Poucos dias depois, no dia 29, está programado no site Mega leilões a venda de uma fazenda na cidade de Nova Olímpia (MT) que pertenceu ao empresário Olacyr de Moraes, conhecido como "rei da soja" e morto neste ano.

    Com área de 12 mil hectares, a fazenda pertence à Usinas Itamarati, produtora de etanol e açúcar. A empresa é alvo de ação da fabricante de equipamentos para o agronegócio John Deere, que pede o pagamento de uma dívida de R$ 70 milhões.

    Esses grandes leilões são a ponta de um mercado que vê a oferta de ativos crescer em 2015. São ao menos 20% de aumento no volume de leilões mensais nas empresas consultadas pela Folha.

    Henri Zylberstajn, sócio da empresa Sold, diz que até o ano passado eram feitos cerca de 50 leilões por mês. Agora, a média passou para 80.

    O número de itens oferecidos em cada leilão duplicou. Antes, eram em média 1.250 e agora são 2.500 por evento.

    O aumento da oferta decorre do maior número de empresas que buscam vender ativos para lidar com a crise, que passam por processo de recuperação judicial ou que estão fechando as portas.

    "Quando está tudo bem, as empresas mudam de sede, compram novas máquinas... Chegam os itens novos, e os antigos podem ser substituídos em leilão. Quando não está tudo bem, o leilão acaba sendo uma boa saída, pois as empresas precisam desativar escritório, liberar mercadoria", diz Zylberstajn.

    O número de imóveis e automóveis em leilões também vem crescendo, impulsionados por dívidas com bancos ou condomínios.

    Se a oferta de itens aumentou, ficou mais difícil vender, afirmam as empresas de leilão. Em média, os itens comprados em leilões da Superbid estão saindo por preço 15% menor do que no ano passado, afirma Pedro Suplicy Barreto, diretor comercial da empresa.

    Zylberstajn, da Sold, confirma. "Um sofá que sairia por R$ 100 no ano passado tende a ser vendido a R$ 60. Para quem está capitalizado, é uma ótima oportunidade."

    ELETRÔNICOS

    Outra opção que começa a ser explorada pelas empresas de leilão é o de eletrônicos.

    A LL10 aposta nesse mercado, especialmente na parceria com lojas virtuais que querem se desfazer de produtos que, depois de adquiridos, foram devolvidos pelos consumidores, diz.

    Esses produtos ficam estocados e não podem ser revendidos como mercadoria nova, diz Tiago Zaratin, presidente da empresa.

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