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    Empresa italiana de energia quer disputar distribuidoras da Eletrobras

    DANIELLE BRANT
    ENVIADA ESPECIAL A LONDRES

    18/11/2015 16h58

    Vladimir Simicek/AFP
    Trabalhadores trabalham em planta controlada pela Enel na Eslováquia
    Trabalhadores trabalham em planta controlada pela Enel na Eslováquia

    A crise econômica e politica no Brasil não afeta os planos da multinacional de energia italiana Enel, que vê oportunidades de investimento no país e pretende entrar na disputa pelas distribuidoras da Eletrobras em processo de privatização.

    No anúncio do plano de investimento da companhia para o período de 2016 e 2019, o presidente global da Enel, Francesco Starace, afirmou que prevê investimentos de € 3,4 bilhões (R$ 14 bilhões) no Brasil para o período. O volume representa aumento de 13,3% em relação à previsão anterior, de março deste ano, que era de € 3 bilhões (R$ 12 bilhões) para o período de 2015 a 2019 –a companhia passa a divulgar, a partir de agora, o planejamento de investimento para um intervalo de quatro anos.

    Starace não especificou em que o dinheiro será aplicado, mas uma parte deve ser destinada aos leilões de hidrelétricas, à disputa pelas distribuidoras da Eletrobras e também em energias renováveis, além da melhoria da rede de distribuição. No mundo inteiro, a empresa pretende investir € 28,5 bilhões (R$ 115 milhões).

    "Não queremos nos tornar o 'rei do Brasil', queremos crescer de forma equilibrada e avançar com geração e distribuição juntas. Temos uma boa oportunidade de crescimento no Brasil", afirmou.

    No Brasil, a Enel é dona das distribuidora de energia Coelce (Ceará) e Ampla (que atende 66 municípios no Rio de Janeiro). Tem também atuação no setor de energias renováveis, por meio da Enel Green Power, uma termelétrica no Ceará e uma hidrelétrica em Goiás. É dona ainda da Cien, que transmite energia entre Brasil e Argentina.

    Para ele, há uma crescente classe média no país, que demanda serviços adequados e de qualidade, espaço que poderia ser ocupado pela empresa.

    "Nós achamos que o Brasil hoje é um país mais maduro e avançado. Temos entre 50 e 60 milhões de pessoas na classe média que não aceitariam que o Brasil voltasse a um sistema adotado no passado. Então, não estamos preocupados com uma 'involução' política", afirmou.

    O presidente da Enel atribuiu parte da recessão pela qual o país passa à crise global no mercado de commodities.

    Apesar do otimismo, a desaceleração do país já afeta os negócios da Enel global, que revisou sua projeção e agora vê crescimento 13% menor da demanda em relação ao estimado em março –e que não foi informado. Além disso, o faturamento local da companhia foi afetado pela desvalorização de 26% do real em relação ao euro.

    "Não vemos o impacto cambial como uma questão grave. Está flutuando, mas não vemos uma razão para ficar assustados", afirmou o CEO da Enel na apresentação.

    PRIVATIZAÇÃO

    Starace confirmou que a Enel tem interesse em mais de uma distribuidora de energia no processo de privatização de parte da Eletrobras. Além da Celg, de Goiás, devem ser colocadas à venda distribuidoras como Eletroacre, Ceal (Alagoas) e Cepisa (Piauí).

    "Muitas dessas redes são próximas, então faz sentido tentarmos combinar geograficamente redes próximas. Por exemplo, o Acre talvez não seja a melhor", afirmou o executivo, referindo-se à distância da distribuidora local em relação a outras que devem ser privatizadas ou que já são da companhia.

    A empresa também solicitou aprovação para participar, em parceria com a chilena Enersis, do leilão de hidrelétricas que ocorrerá no próximo dia 25 e com o qual o governo pretende arrecadar até R$ 17 bilhões com a cobrança de bônus de outorga junto aos vencedores. Serão leiloadas 29 hidrelétricas.

    "Vamos participar nas disputas envolvendo as pequenas hidrelétricas, mas em uma próxima ocasião poderemos disputar as grandes", disse Starace.

    A companhia informou ainda que vai integrar as operações da Enel Green Power, de energias renováveis, dentro da própria Enel. Para isso, pretende fazer um aumento de capital da Enel para trocar as ações de quem hoje tem papéis da Enel Green Power por ações da Enel.

    A jornalista viajou a convite da Enel

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    RAIO-X ENEL (nove primeiros meses de 2015)

    FATURAMENTO 55,998 bilhões de euros

    DÍVIDA LÍQUIDA 39,357 bilhões de euros

    USUÁRIOS 61,2 milhões, sendo 6,6 milhões de clientes no Brasil

    CONCORRENTES No exterior: GDF Suez e EDP; no Brasil: Neoenergia, Equatorial Energia, Energisa e mais recentemente chinesas como a State Grid e Three Gorges

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