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    Renda do brasileiro cai pelo 9º mês com inflação alta e mercado em baixa

    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO

    19/11/2015 12h03

    O rendimento médio mensal do brasileiro completou, em outubro, o nono mês consecutivo de queda real, ou seja, já descontada a inflação, na comparação anual.

    A informação consta da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), divulgada nesta quinta-feira (19), que apontou taxa de desemprego de 7,9% em outubro.

    O rendimento médio do trabalhador foi de R$ 2.182, queda de 7% em relação ao verificado em igual período do ano passado. Em outubro do ano passado, o rendimento médio real do trabalhador era de R$ 2.345.

    Foi a maior queda real na renda para o mês de outubro desde 2003, quando o país havia registrado recuo de 13%.

    Na passagem de setembro para outubro deste ano, a renda teve queda real de 0,6%.

    Rendimento real habitual - Em R$

    INFLAÇÃO E MERCADO DE TRABALHO

    De acordo com a técnica da Coordenação de Emprego e Renda do IBGE, Adriana Beringuy, a queda real na renda tem duas origens: inflação alta e a piora do mercado de trabalho.

    A inflação, um dos principais fatores que corroem a renda do trabalhador, atingiu 9,93% no acumulado em 12 meses encerrados em outubro, tendo impacto direto no indicador.

    Segundo ela, como há o aumento das demissões e uma maior procura por emprego, o trabalhador perde o poder de barganha sobre seu salário.

    Em períodos de mercado aquecido, a mobilidade resultante do aumento das ofertas de emprego pressiona os salários para cima.

    "As empresas estão dispensando e não há novas contratações. Os trabalhadores não estão num bom momento para receber aumentos ou promoções", explicou.

    Taxa de desocupação nos meses de outubro - Em %

    RENDA E DESEMPREGO

    O efeito da perda de renda tem tido impacto na taxa de desemprego. Com a piora do nível salarial, mais pessoas passam a procurar empregos.

    Indivíduos que estavam fora do mercado de trabalho se veem compelidas a buscar uma oportunidade ao verificar que a renda dos demais integrantes da família está mais apertada.

    Esse fator pressiona a fila por emprego. A chamada população desocupada —desempregados em busca de inserção— atingiu 1,91 milhão em outubro.

    No intervalo de um ano —outubro ante outubro de 2014— o contingente cresceu 67,5%, recorde histórico da pesquisa, iniciada em 2002.

    No período, 771 mil pessoas ingressaram na fila por emprego.

    A queda na renda acumula nove meses de retração na comparação anual. Em fevereiro, o indicador teve sua primeira queda real no ano, de 0,5%.

    Em maio, o recuo foi de 5%. Outubro, com queda de 7%, foi o recorde para mês nos últimos doze anos.

    CARTEIRA

    A piora no mercado de trabalho se traduziu em perda de postos formais e informais.

    O número de trabalhadores com carteira assinada recuou 4% na comparação anual, com perda de 470 mil postos formais no período.

    Já os postos informais tiveram uma perda 173 mil vagas —o contingente sem carteira recuou 8,7% no período.

    Na comparação de outubro com setembro, houve queda de 0,8% nos postos formais e de 4,5% nos informais.

    Na outra ponta aumentou a quantidade de trabalhadores por conta própria, mas não suficiente para manter o saldo positivo. A categoria encerrou outubro com 4,4 milhões.

    No ano, o número cresceu 0,6%, ou 28 mil novos postos, e no mês, 1%, com 43 mil novas vagas.

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