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    Moda 'geek' impulsiona editoras, que lucram com imagem pop de leitor nerd

    FERNANDA PERRIN
    DE SÃO PAULO

    22/11/2015 02h00

    O universo do leitor nerd brasileiro é habitado por mais do que super-heróis americanos. Livros de ficção científica e de fantasia, mangás e histórias em quadrinhos nacionais têm espaço na estante e nos catálogos das editoras que apostam no segmento.

    "A força é forte mesmo", diz, rindo, Adriano Fromer, 39, presidente da editora Aleph, que desde o final de 2014 publica no Brasil a série "Star Wars", de autoria de Timothy Zahn.

    Os 14 títulos da saga lançados até novembro tornaram-se os campeões de venda da empresa e representam 30% do faturamento de um catálogo com mais de 90 obras.

    A Aleph é velha conhecida do público nerd. Desde o início dos anos 2000, a editora começou a publicar obras de ficção científica como "Neuromancer", de William Gibson, e "Laranja Mecânica", de Anthony Burguess. "Nós estávamos procurando novos rumos e vimos que ninguém mais estava fazendo isso", afirma Fromer.

    Adriano Vizoni/Folhapress
    Adriano Fromer, presidente da Editora Aleph, na sede da empresa, em São Paulo
    Adriano Fromer, presidente da Editora Aleph, na sede da empresa, em São Paulo

    No início, a estratégia encontrou resistência do mercado. "Havia muito preconceito contra esse tipo de literatura", diz o empresário. A guinada só veio com a onda "geek" dos últimos quatro anos.

    A popularidade, porém, também trouxe um leitorado mais exigente. O empresário diz que chegou a telefonar para um cliente que, insatisfeito com uma crítica feita no posfácio de "Jurassic Park" (obra de Michael Crichton), havia iniciado uma campanha de boicote à edição.

    "Como os fãs são muito passionais, nós vivemos um mundo de crítica imediata", diz Cassius Medauar, 43, gerente de conteúdo da editora JBC. O forte da empresa, que também publica livros sobre origami e culinária japonesa, são os mangás, como "Cavaleiros do Zodíaco".

    Os leitores reclamam, mas compram. Graças à moda "geek", o número de títulos lançados por mês em bancas quadruplicou e diversificou-se, incluindo também edições especiais colecionáveis, vendidas em livrarias.

    O projeto agora é incentivar a produção nacional. Este ano, a JBC organizou pela segunda vez o "Brazil Manga Awards", concurso que premia cinco autores com a publicação de suas histórias em uma coletânea organizada pela editora.

    Os autores brasileiros também são o novo alvo da Conrad Editora. Desde que uma nova diretoria tomou posse, em 2014, o foco deixou de ser os mangás para centrar-se nas revistas em quadrinhos nacionais, afirma a editora Luciana Figueiredo, 37.

    "Paramos com os mangás por uma questão de flutuações cambiais [os direitos de publicação são adquiridos no exterior], e porque as séries são muito longas, no mínimo dez volumes", diz.

    O pontapé inicial da nova estratégia foi a publicação neste ano do livro "Uma Lhama no Cinema", da carioca Lorena Kaz, sobrinha do cartunista Ziraldo. Para o ano que vem, Figueiredo vem sondando o mercado. Entre os dias 11 e 15, ela esteve no 9º Festival Internacional de Quadrinhos, em Belo Horizonte (MG).

    "Nós sempre falamos com os nerds, desde quando eles estavam à margem da cultura pop. Hoje eles são o centro dela. Queremos continuar falando com eles e ampliar ainda mais", diz Figueiredo.

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