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    Negócio com dona da JBS surpreende segundo maior acionista da Alpargatas

    GIULIANA VALLONE
    DAVID FRIEDLANDER
    DE SÃO PAULO

    24/11/2015 02h00

    Fernando Donasci/Folhapress
    HAVAIANAS DA COPA- 27.01.2010; A loja da Havaianas no Jardins em SP, com os chinelos desenhados para a Copa do mundo na Africa.. (Foto: Fernando Donasci/Folha Imagem - Cotidiano).
    A loja da Havaianas no bairro dos Jardins, em São Paulo

    Após muita especulação sobre um possível investimento no setor de infraestrutura, o empresário Joesley Batista, sócio e presidente da J&F, surpreendeu o mercado ao anunciar nesta segunda-feira (23) a compra da Alpargatas, fabricante dos chinelos Havaianas.

    Para adquirir o controle da companhia, colocada à venda pela Camargo Corrêa, a J&F deixou para trás propostas de seis fundos de investimento e ofereceu R$ 2,67 bilhões, à vista. A operação ainda depende de aprovação do Cade.

    Com o negócio, a J&F passa a ter 44,12% do capital da Alpargatas. O segundo maior acionista, Silvio Tini de Araújo, afirmou que ficou surpreso com a oferta do grupo dos Batista. "Mas a princípio, parece que onde eles puseram as mãos foram bem".

    A movimentação da holding, que controla a maior produtora de carnes do mundo, JBS, passou despercebida pelo radar de bancos e fundos que acompanhavam o processo de venda.

    Mas faz tempo que a empresa da família Batista vem diversificando seus negócios. Depois de fazer fortuna com a JBS, a família Batista hoje é dona de empresas que fabricam cosméticos, produtos de limpeza, leite e iogurte, além do banco Original e da indústria de celulose Eldorado.

    Os Batista nunca engoliram a visão de parte do mercado de que cresceram pendurados nos aportes bilionários do BNDES, banco estatal de fomento que financiou ou ficou sócio de suas principais empresas –JBS e Eldorado.

    Joesley Batista já disse várias vezes que as críticas são fruto de preconceito contra sua família, que surgiu no interior de Goiás e tirou espaço de grupos tradicionais e dos grandes centros.

    Compra da Alpargatas

    LUCROS COM O DÓLAR

    O empresário também já disse que pretende transformar a holding que controla os negócios da família numa empresa de investimentos, tarefa que divide com o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.

    Para isso, conta com bons resultados este ano. A JBS lucrou R$ 3,44 bilhões no terceiro trimestre, enquanto a Eldorado teve seu primeiro lucro da história, de R$ 334 milhões. Os balanços foram impulsionados pelas apostas na desvalorização do real, que renderam R$ 11,93 bilhões à JBS este ano.

    É nesse ponto que a Alpargatas –que também detém as marcas Mizuno, Timberland e Osklen e é a maior empresa de calçados da América Latina– se encaixa.

    A avaliação de executivos ligados à J&F é que as marcas da Alpargatas, em especial a Havaianas, têm potencial para crescer, principalmente no exterior.

    "A Alpargatas é uma empresa boa e pode, de fato, se beneficiar desses mercados internacionais, principalmente com o câmbio desvalorizado", afirma Sergio Lazzarini, professor de estratégia do Insper.

    DÍVIDA

    A Camargo colocou sua participação na Alpargatas à venda para levantar recursos destinados à redução da dívida do grupo, que deve fechar o ano na casa dos R$ 24 bilhões.

    O débito é consequência da compra da cimenteira portuguesa Cimpor, que colocou a Camargo no ranking dos maiores fabricantes de cimento do mundo.

    A valorização do dólar e a alta dos juros neste ano elevaram o débito, provocando a decisão de vender patrimônio e manter "o foco em seu principal segmento de atuação", a infraestrutura, segundo nota da Camargo.

    Com previsão de faturar R$ 27,6 bilhões neste ano, o grupo Camargo Corrêa deve lucrar R$ 4,5 bilhões.

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