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    Argentina fica para trás na preferência de investidores brasileiros

    RAQUEL LANDIM
    DE SÃO PAULO

    25/11/2015 02h00

    A Argentina perdeu para o Chile o posto de principal destino dos investimentos brasileiros na América do Sul, mas o empresariado, que foi afugentado pelo intervencionismo da presidente Cristina Kirchner, tem esperanças de que a eleição de Mauricio Macri possa melhorar a situação no médio prazo.

    A participação da Argentina nos fluxos líquidos de investimento brasileiros direitos na América do Sul caiu de 46,5% no biênio 2010/2011 para 25,2% em 2012/2013 e para 25,4% em 2014, conforme pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

    Em valores absolutos, os fluxos de recursos cederam de R$ 1,67 bilhão em 2010/2011 para R$ 687 milhões em 2012/2013 e R$ 162 milhões no ano passado.

    Já o Chile caminhou na mão inversa. Sua participação subiu de 27,4% para 42,2% e 41,6% nos mesmos períodos de comparação.

    Em recursos, isso significa que o fluxo de recursos do Brasil para o Chile subiu de R$ 985,2 bilhões em 2010/2011, para R$ 1,15 bilhão. No ano passado, foram R$ 264,5 milhões, R$ 102 milhões a mais do que a Argentina.

    O EFEITO KIRCHNER - Argentina perde o posto de principal destino dos investimentos brasileiros

    De acordo com a pesquisa conduzida pelo CNI, a situação política instável na Argentina não estimulava investimentos, mas a situação piorou quando o país começou a restringir os dólares que saiam do país –medida que ganhou ainda mais força no início do ano passado, reflexo do declínio das reservas externas do país.

    "As empresas ficaram com medo de não conseguir trazer seu dinheiro de volta", afirma José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

    Ele acredita que a vitória do oposicionista Maurício Macri na eleição de domingo (22) pode mudar a situação, mas não será imediata.

    "Não basta ganhar para trazer o investimento de volta. É preciso ganhar confiança", diz Castro.

    Ele avalia que duas medidas importantes são: acabar com os impostos de importação sobre as commodities, o que vai estimular os exportadores a vender mais e vai trazer divisas para o país, e desvalorizar o câmbio oficial, que está sendo mantido artificialmente.

    Adriano Machado - 22.ago.2015/Efe
    A presidente da Argentina, Cristina Kirchner (dir.), faz pose ao lado de Dilma Rousseff
    A presidente da Argentina, Cristina Kirchner (dir.), faz pose ao lado de Dilma Rousseff

    PIORAR PARA MELHORAR

    De acordo com Heitor Klein, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria Calçadista (Abicalçados), o setor parou de investir na Argentina em 2008, quando o país começou a criar travas para a importação. Com a entrada de Macri, ele acredita que a situação no país vizinho vai piorar antes de melhorar para os exportadores brasileiros.

    Isso porque o novo presidente terá que fazer um forte ajuste fiscal, reduzindo a demanda, e desvalorizar o câmbio, o que torna os produtos brasileiros mais caros. "No médio prazo, no entanto, a mudança de governo é positiva", diz Klein.

    A Argentina costumava receber investimentos de vários setores brasileiros: petróleo, mineração, setor automotivo e manufaturados em geral. Entre 2005 e 2013, o Brasil foi o quarto maior investidor na Argentina, com fluxos acumulados de US$ 7,9 bilhões. Os Estados Unidos foram os líderes, com US$ 13 bilhões.

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