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    Azul diz que usará dinheiro de novo sócio chinês para renovação de frota

    DE SÃO PAULO

    25/11/2015 02h00

    A Azul anunciou nesta terça (24) acordo para receber uma injeção de capital de R$ 1,7 bilhão (US$ 450 milhões) do grupo chinês HNA, que terá, assim, uma participação de 23,7% no valor econômico da companhia aérea, avaliada em R$ 7 bilhões.

    Em troca, o conglomerado vai receber 24,83% da quantidade total de ações preferenciais (sem direito a voto) da companhia aérea e terá direito a assento no conselho de administração.

    Os recursos, que devem ser transferidos nas próximas semanas, serão utilizados para amortizar parte da dívida de curto prazo da companhia e fugir dos juros altos praticados, afirmou o o presidente da Azul, Antonoaldo Neves.

    A companhia também aproveitará parte do dinheiro para continuar o plano de renovação de sua frota.

    Com o adiamento da abertura de capital pela terceira vez, neste ano, e a maior parte de suas receitas e operações em reais –enquanto 60% de seus gastos são em dólar–, a Azul tem realizado operações com empresas estrangeiras para reforçar o caixa.

    Em junho, a empresa já havia vendido 5% de participação para a United, dos EUA, por US$ 100 milhões. Com o HNA, serão US$ 550 milhões vindos do exterior neste ano.

    "Apesar de a gente não ter se capitalizado com o IPO [oferta inicial de ações], a gente se capitalizou com empresas privadas, o que, na prática, representa até mais do que o IPO", afirmou Neves. Segundo ele, a operação ainda acontecerá "um dia".

    A Azul não é a única aérea a buscar aumento de capital. Com o setor em desaceleração, suas concorrentes Gol e TAM também têm realizado operações para elevar o volume de recursos disponíveis.

    NOVAS ROTAS

    A entrada da HNA permitirá que a Azul entre no mercado asiático por meio de modelo que possibilita passageiros reservarem voos de diferentes companhias parceiras para um percurso não atendido por só uma empresa.

    Isso só deve acontecer, porém, em um prazo de seis meses a um ano, disse Neves. Hoje, passageiros da Azul já podem comprar bilhetes para destinos oferecidos pela norte-americana United.

    A empresa deve ganhar ainda mais capilaridade com a aprovação da compra, pelo consórcio que controla a Azul, de 61% da portuguesa TAP.

    A operação com o grupo chinês não muda, no entanto, os planos da companhia para o mercado doméstico. "A gente ia crescer 15% neste ano [em oferta de voos domésticos], agora só 4%. Tenho entre dez e 15 aeronaves em excesso, que serão vendidas", disse Neves.

    Com a frota restante, disse, será possível manter a projeção para 2016, que varia de manutenção da capacidade a redução de 4% a 5%.

    "O que muda no ano que vem com o aporte é que vamos trabalhar muitas sinergias com a HNA", afirmou.

    ESTRANGEIROS

    A lei brasileira permite que no máximo 20% das ações com direito a voto (ordinárias) de empresas aéreas sejam de capital estrangeiro. Esses valores não mudam com a entrada dos chineses, que terão ações preferenciais.

    O controle da empresa continua nas mãos do empresário David Neeleman, que possui 67% do capital votante.

    A HNA será o maior acionista entre os preferenciais, considerando dados enviados em 2014 pela Azul à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Na ocasião, o Grupo Bozano era o maior detentor destes papéis, com 15,63%.

    Com faturamento anual de US$ 25,6 bilhões, o HNA tem participação em 14 companhias aéreas e atua ainda no financiamento de aeronaves.

    *

    AZUL/2014

    FATURAMENTO R$ 5,8 bilhões

    PREJUÍZO LÍQUIDO R$ 65,04 milhões

    NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS 10 mil

    DÍVIDA LÍQUIDA R$ 2,3 bilhões

    PRINCIPAIS CONCORRENTES TAM, Gol e Avianca

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