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    o impeachment

    Dólar sobe para R$ 3,75 e Bolsa tomba quase 3% com prisões da Lava Jato

    ANDERSON FIGO
    DE SÃO PAULO

    25/11/2015 17h51

    Andrew Magill/Flickr/Creative Commons
    Após bater R$ 3,80 com novas prisões da Lava Jato, dólar fecha esta quarta-feira valendo R$ 3,75
    Após bater R$ 3,80 com novas prisões da Lava Jato, dólar fecha esta quarta-feira valendo R$ 3,75

    O mercado financeiro reagiu negativamente nesta quarta-feira (25) à notícia de que a Polícia Federal prendeu o líder do governo no Senado, o senador Delcídio Amaral (PT-MS), e o presidente do banco BTG Pactual, André Esteves, no âmbito da operação Lava Jato.

    O dólar e os juros futuros registraram forte alta, enquanto o principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, perdeu mais de 1,4 mil pontos. As units (conjuntos de ações) do BTG Pactual chegaram a cair 38,9% durante o dia, o que forçou o banco a anunciar um programa de recompra de até 10% de seus papéis em circulação.

    O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em alta de 1,35%, para 3,750 na venda. A moeda chegou a atingir máxima de R$ 3,806 na sessão. Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, avançou 1,24%, para R$ 3,749, depois de ter batido máxima de R$ 3,807.

    O Banco Central deu continuidade nesta quarta-feria aos seus leilões diários de swaps cambiais para estender os vencimentos de contratos que estão previstos para o mês que vem. A operação, que equivale a uma venda futura de dólares, movimentou US$ 581,6 milhões.

    DÓLAR
    Saiba mais sobre a moeda americana
    NOTAS DE DÓLAR

    Entre as 24 principais moedas emergentes do mundo, o dólar ganha força sobre 16, nesta quarta-feira. O real foi a moeda emergente que mais perde na sessão. A moeda americana também subiu em relação a seis das dez mais importantes divisas do globo, entre elas o iene, o euro e o franco suíço.

    O avanço do dólar interrompeu algumas semanas de tranquilidade no mercado de câmbio, quando a moeda americana chegou a operar abaixo de R$ 3,70 embalada por aparente trégua no cenário político, que permitiu a aprovação de medidas importantes para o reequilíbrio das contas públicas brasileiras.

    "A notícia trouxe um desgaste político ao governo bem quando ele havia conseguido acalmar um pouco o ânimo dos mercados. Com a prisão do Delcídio, o governo perde um de seus poucos articuladores do ajuste fiscal, que é essencial para a economia", disse Eduardo Velho, economista-chefe da gestora Invx Global.

    Segundo Velho, o episódio coloca em xeque a aprovação de "questões essenciais", como a volta da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras). "Isso pode reascender o debate sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff ou a saída do ministro Joaquim Levy da Fazenda", afirmou.

    O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), suspendeu a sessão no Congresso em que deveria ser votado o Orçamento de 2016 e a mudança da meta fiscal de 2015.

    A cautela dos investidores também reflete incertezas sobre as possíveis consequências dos novos desdobramentos da Lava Jato no mercado financeiro. O banco BTG Pactual é um dos principais gestores e custodiantes de fundos no país e é acionista em diversas empresas.

    No mercado de juros futuros, os principais contratos acompanharam o cenário de cautela e fecharam majoritariamente em alta na BM&FBovespa. O DI para janeiro de 2016 caiu de 14,166% para 14,164%, enquanto o DI para janeiro de 2021 teve taxa de 15,510%, ante 15,240% na sessão anterior.

    AÇÕES EM QUEDA

    O Ibovespa recuou 2,94%, para 46.866 pontos. Na véspera, o índice havia fechado aos 48.284 pontos. O volume financeiro foi de R$ 7,5 bilhões. O movimento foi na contramão do avanço registrado nos mercados acionários da Europa e dos Estados Unidos.

    A desvalorização do Ibovespa foi puxada pela queda das ações da Petrobras, em novo dia de baixa nos preços do petróleo no exterior, e pelo desempenho negativo dos bancos. A estatal viu sua ação preferencial, mais negociada e sem direito a voto, recuar 7,06%, para R$ 7,90. Já o papel ordinário da companhia, com direito a voto, registrou desvalorização de 7,56%, para R$ 9,66.

    No setor bancário, segmento com o maior peso dentro do Ibovespa, o Itaú Unibanco perdeu 4,91%, para R$ 27,91, enquanto o Bradesco recuou 4,87%, a R$ 21,89. O Banco do Brasil mostrou baixa de 6,45%, para R$ 17,40, e o Santander Brasil teve desvalorização de 2,99%, a R$ 15,23.

    BTG DESPENCA

    Fora do índice, as units (conjuntos de ações) do banco BTG Pactual, que durante um período do dia foram negociadas em leilão para tentar amenizar a forte baixa, fecharam com perda de 21,01%, para R$ 24,40. Na sessão, atingiram mínima de R$ 18,86. As ações da rede de drogarias Brasil Pharma, cujo maior acionista é o BTG Pactual, tombaram 10,26%, para R$ 17,50 cada uma.

    O Banco Central informou que está monitorando o impacto da prisão do banqueiro André Esteves sobre o BTG Pactual. Já as agências de classificação de risco Moody's e Standard & Poor's disseram que os ratings da companhia podem sofrer alterações por causa do episódio.

    "Avaliaremos se um aumento do risco reputacional poderá enfraquecer os fundamentos de crédito do BTG", destacou a S&P em nota. O analista sênior da Moody's Alcir Freitas disse que a classificação de crédito do BTG pode ser prejudicada caso André Esteves seja forçado a se ausentar do comando do banco por um período prolongado.

    Folhainvest

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