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    Empresas investem em experiências gastronômicas para atrair clientela

    ROBSON RODRIGUES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    30/11/2015 02h00

    Almoçar sentado em grama artificial em meio aos prédios ou jantar dentro de um cinema. Criar novas experiências gastronômicas como essas tem sido o investimento de pequenos empresários interessados no setor.

    O Piknik, criado há 5 meses por Mônica Noda, 32, alia comida de rua e entretenimento ao ar livre para quem trabalha na região da avenida Brigadeiro Faria Lima, na zona oeste de São Paulo.

    O espaço tem grama artificial, cadeiras de praia, mesas de piquenique e diversas opções de food trucks.

    "O movimento é de cerca de 2.000 pessoas por dia. Gente que se cansou do tradicional prato feito ou restaurantes por quilo da região", afirma Noda.

    A empresária não revela seu faturamento, mas diz ficar com 20% das vendas.

    A nutricionista Priscila Sabará, 30, lançou o Foodpass, uma plataforma on-line que reúne "delírios gastronômicos" -aulas de culinária, feiras, viagens a restaurantes e visitas a produtores.

    Um deles é o "Banquetes de Cinema", no qual o cliente pode degustar um prato inspirado em um filme enquanto assiste à obra em uma das salas do Cinépolis JK Iguatemi, em São Paulo. Custa R$ 184 por quatro pratos.

    Em três anos, Sabará já comercializou mais de 6.000 "delírios". Em 2015, viu seu faturamento dobrar em relação aos dois anos anteriores e chegar a R$ 1 milhão.

    "No próximo ano, pretendo criar o Foodpass TV, um canal colaborativo no qual vou reunir os melhores chefs", conta a empresária.

    Já a receita adotada por Elis Feldman, 29, foi aliar a gastronomia a outros sentidos além do paladar.

    Ela desenvolveu o Ateliê No Escuro, na Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, que realiza jantares em que os participantes são vendados.

    "O cliente não é informado sobre o cardápio. Nós o desafiamos a decifrar aromas e sabores sem interferência visual", diz Feldman, que não revela seu faturamento.

    O preço da experiência varia entre R$ 100 e R$ 250.

    Na Dinneer, do empresário Flávio Estevam, 34, qualquer um pode ser chef. A plataforma, lançada em junho, conecta interessados com anfitriões que oferecem refeições em suas próprias casas.

    O negócio tem mais de 700 jantares reservados. O preço é definido pelo anfitrião e o site fica com uma taxa de 10%.

    COMER FORA DE CASA

    Um levantamento feito em junho pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas mostrou que quase metade dos brasileiros (47,7%) tem deixado de ir a restaurantes.

    Criar formas novas de servir refeições pode ser uma saída para reverter esse quadro e atrair o consumidor, diz o especialista em novos negócios Marinho Ponci.

    "Em tempos de economia fraca e inflação alta, o importante é se diferenciar para incorporar os novos hábitos de consumo", afirma Ponci.

    Mesmo restaurantes tradicionais têm adotado novos formatos. No Ici Brasserie, nos Jardins, o cliente pode sentar no balcão e participar de uma aula.

    "O lugar que era preterido pelos clientes hoje é disputado. O cliente conversa com o chef e vê a comida sendo preparada enquanto degusta cervejas", explica o chef Marcelo Tanus, 33.

    ESTRUTURA

    Para quem quer investir no setor, o maior entrave é o cuidado no preparo dos alimentos em locais que não têm uma cozinha tradicional.

    Em 2013, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) facilitou as regras de comercialização de alimentos perecíveis para os pequenos negócios.

    A exigência é haver equipamentos que garantam a conservação dos produtos resfriados, congelados ou aquecidos.

    No caso do PikNik, Mônica Noda fornece toda a energia elétrica consumida pelos food trucks. Ela gasta, por mês, cerca de R$ 15 mil.

    Já a empresária Larissa Januário, 36, leva a estrutura da cozinha para locais como um estúdio fotográfico ou um jardim ao ar livre.

    Há um ano, ela organiza as refeições do Jantares Secretos, uma alternativa aos altos custos de abrir um restaurante.

    "Cuido da locação do espaço, recepção e preparo da comida. Fazemos cerca de 15 jantares por mês", afirma Januário, que não revela quanto fatura com o negócio.

    O preço dos jantares vai de R$ 90 a R$ 160.

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