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    o impeachment

    Consumo das famílias cai 1,5% com piora de emprego e renda

    BRUNO VILLAS BÔAS
    DO RIO
    GUSTAVO PATU
    ENVIADO ESPECIAL

    01/12/2015 09h46 - Atualizado às 23h29

    Motor da economia na última década, o consumo das famílias caiu pelo terceiro trimestre seguido neste ano. É a maior sequência desde a virada de 1997 para 1998, quando as crises da Ásia e da Rússia levaram a uma alta dos juros (Selic) a 38% ao ano.

    Com a piora no mercado de trabalho, inflação em alta e o crédito restrito, a queda foi de 1,5% no terceiro trimestre deste ano em relação aos três meses anteriores, o maior impacto sobre o PIB (Produto Interno Bruto) no período.

    PIB do Brasil
    Resultados do 3º trimestre
    painel da bolsa de valores brasileira

    Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, essa baixa se mostrou ainda mais intensa, de 4,5%, a pior da série histórica recente da pesquisa do IBGE, iniciada em 1996.

    Na última década, o crescimento da economia foi impulsionado pelo consumo, efeito da ascensão social, programas de transferência de renda e ampliação da oferta de crédito no país.

    Com dívidas e o bolso afetado, porém, os brasileiros estão agora cortando supérfluos e gastando menos em bens e serviços. É a defesa agora possível contra esse período de incerteza.

    PIB por setores

    "Os brasileiros consumiram demais até 2013 com incentivos do governo e o pleno emprego. O que estamos vendo é um ajuste desse quadro", disse Igor Velecico, economista do Bradesco.

    As incertezas, claro, afetaram a segurança do consumidor. Pesquisa da FGV mostra que o índice de confiança do consumidor caiu pelo quarto mês consecutivo em outubro deste ano e atingiu o menor patamar em uma década.

    Responsável por 62% da economia, o gasto das famílias contribuiu assim mais para a queda do PIB do que os investimentos, que recuaram 4% no terceiro trimestre.

    PIB - Tri. x tri. imediatamente anterior, em %

    Com o corte de gastos, o PIB dos serviços também foi afetado. O setor –que engloba áreas como financeiro, educação, saúde e cabeleireiros– teve queda de 1% na passagem do segundo para o terceiro trimestre.

    Essa queda foi resultado da baixa do comércio varejista e atacadista (2,4%), do transporte, armazenagem e correio (1,5%) e de outros serviços (1,8%). Fábio Bentes, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio), teme agora que o comércio tenha ao fim do ano o seu pior desempenho desde 1948.

    "Para que tenhamos o pior ano da história do comércio desde 1948, o PIB do setor precisa cair apenas mais do que 2% nos três meses finais do ano", disse o economista.

    Para Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg & Associados, somente com a recuperação da confiança de consumidores e empresários o crescimento econômico será restaurado.

    "O provável é que isso não aconteça pelo menos até o fim do primeiro semestre do ano que vem", afirmou a economista.

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