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    Turquia vira preocupação para gigantes do mercado de luxo global

    DO "NEW YORK TIMES"

    03/12/2015 02h00

    Umit Bektas 5.jun.2008/Reuters
    Mulheres turcas caminham em ruas do centro da capital, Ancara
    Mulheres turcas caminham em ruas do centro da capital, Ancara

    O crescimento estelar dos mercados emergentes, até recentemente quentíssimos, parece ter saído de moda no setor de produtos de luxo. As vendas na China se desaceleraram, como a expansão na economia do país, e a demanda estagnada na Rússia e Brasil continua a causar estrago.

    Agora a Turquia –país que tanto física quanto culturalmente combina Ocidente e Oriente, com um dos mercados de mais rápido crescimento do setor– pode ser a nova zona de alerta para os pesos-pesados do luxo.

    Nos últimos quatro anos, Prada, Hermès, Louis Vuitton, Gucci, Chanel, Christian Louboutin, Ralph Lauren e Armani abriram cada uma pelo menos duas cintilantes lojas de grife em Istambul, enquanto Ermenegildo Zegna e Burberry agora operam três lojas na cidade cada um.

    Muitos dos grandes nomes do mercado de luxo são encontrados em dois shoppings em estilo ocidental inaugurados na cidade.

    Mas em meio a uma desaceleração econômica, depois de anos de crescimento firme –e de preocupações quanto ao caos na vizinha Síria e à inquietação civil surgida antes das eleições nacionais do mês passado–, a corrida das grandes marcas por expansão na Turquia está mostrando sinais de fraqueza.

    Após os ataques terroristas em Paris e de dois atentados suicidas que mataram 99 pessoas em Ancara, a capital turca, em outubro, o país parece viver um momento volátil.

    "Muitas marcas que até recentemente estavam correndo para criar seu espaço por aqui agora decidiram desacelerar um pouco", disse Claudia D'Arpizio, sócia da consultoria Bain & Company.

    "A instabilidade política e econômica, tanto na Turquia quanto ao seu redor, resultou em certo declínio, tanto no influxo de turistas quanto no consumo local."

    Ela acrescentou que, em um ano de volatilidade nas taxas de câmbio, a lira turca provou ser uma das moedas mais fracas do planeta.

    As grandes marcas, prosseguiu D'Arpizio, "sabem que os fundamentos do mercado são bons e que o futuro em geral é positivo, mas por enquanto muitas delas parecem ter optado por uma abordagem de esperar para ver".

    A Bain projetou que o mercado mundial de bens pessoais de luxo esteja a caminho de seu ano mais fraco desde 2009, com vendas de US$ 280 bilhões neste ano, crescimento de apenas 1% na comparação com 2014.

    ESTRATÉGICO

    Mas, a despeito das preocupações de alguns investidores e das recentes incertezas políticas e econômicas no país, a Turquia continua a ser um mercado estratégico central, com muitos produtores otimistas quanto às suas perspectivas.

    Ainda que o país responda por somente 1% dos gastos mundiais com bens de luxo, anualmente, as vendas de produtos de luxo subiram em 37% na Turquia entre 2008 e 2012, de acordo com o grupo de pesquisa Euromonitor. E em 2013, elas subiram em 12%, para um total estimado em US$ 3 bilhões.

    Até 2018, segundo o Euromonitor, o mercado deve quase dobrar, atingindo US$ 5,4 bilhões. O poder de fogo financeiro que propele esse crescimento na Turquia é o da classe média em ascensão.

    A consultoria McKinsey estima que entre 2013 e 2017 a renda pessoal disponível dos turcos subirá de US$ 652 bilhões para US$ 906 bilhões, à medida que os consumidores mais novos comecem a atingir seu pico de consumo.

    "Istambul é uma cidade que dita tendências, repleta de pessoas jovens, de bom nível educacional, bem informadas sobre tecnologia e dispostas a consumir, e também é um destino para viajantes internacionais", disse Demet Sabanci, do Demsa Group, que levou à Turquia grifes como Tom Ford, Alexander McQueen, Salvatore Ferragamo, Lanvin e Michael Kors.

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