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    Com cenário político, Bolsa tem maior alta em um mês e dólar cai a R$ 3,744

    DE SÃO PAULO

    03/12/2015 18h16 - Atualizado às 18h46

    Pedro Ladeira - 16.abr.15/Folhapress
    Dilma cumprimenta o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em cerimônia comemorativa do Dia do Exército, em Brasília (DF)
    Após ser citado em delação, Eduardo Cunha anuncia rompimento com o governo Dilma

    O mercado financeiro reagiu nesta quinta-feira (3) à notícia de que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou o pedido de abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

    O principal índice da Bolsa brasileira fechou em alta de 3,29%, aos 46.393 pontos. Foi a maior valorização diária desde 3 de novembro, quando subiu 4,76%. Na máxima do dia, o índice chegou a avançar 4,96%. O volume financeiro foi de R$ 7,9 bilhões. O movimento foi influenciado principalmente pelo forte avanço das ações da Petrobras e dos bancos.

    Os papéis preferenciais da Petrobras, mais negociados e sem direito a voto, ganharam 6,12%, para R$ 7,98 cada um. Já os ordinários, com direito a voto, teve valorização de 3,48%, a R$ 9,80. As ações de estatais são as que mais sentem impacto da possibilidade de mudança de governo, uma vez que este é o principal acionista dessas companhias.

    No setor financeiro, o Itaú teve valorização de 6,35%, para R$ 28,82, enquanto o Bradesco subiu 4,39%, a R$ 21,89. O Banco do Brasil viu sua ação avançar 8,40%, para R$ 17,80, e o Santander registrou alta de 4,24%, para R$ 15,50. Os bancos são o segmento com maior participação dentro do Ibovespa.

    Das 63 ações que compõem o Ibovespa, apenas oito fecharam esta quinta-feira em baixa e os papéis da Cemig permaneceram estáveis em R$ 6,40.

    A reação do mercado à decisão de Cunha reflete uma expectativa otimista de mudança na política econômica do país, caso ocorra uma troca de governo.

    A avaliação é que a falta de apoio político do governo torna muito difícil o resgate da confiança dos investidores, especialmente depois da prisão de um importante articulador do PT, Delcídio Amaral, no âmbito da Operação Lava Jato da Polícia Federal.

    "O mercado sente que o fim da novela está mais próximo", diz João Pedro Brügger, analista da Leme Investimentos. "Espera-se que um novo comando tenha mais força para aprovar com agilidade as medidas de ajuste fiscal essenciais para o país."

    Para Marcio Cardoso, sócio-diretor da corretora Easynvest, mesmo que um impeachment contra Dilma não ocorra, isso também pode ter um impacto positivo no médio prazo. "Seria uma demonstração de que a presidente ainda tem apoio para conseguir passar a reforma fiscal, o que é importante", afirma.

    BTG NO RADAR

    Quem liderou a ponta negativa do Ibovespa foi a BR Properties, com forte desvalorização de 16,19%, para R$ 8,75. Na véspera, a companhia anunciou que André Esteves, ex-presidente do banco BTG Pactual que foi preso na semana passada pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, renunciou à presidência de seu conselho de administração.

    Na segunda-feira (1), os acionistas da BR Properties levantaram R$ 223 milhões com a venda de um lote na BM&F&Bovespa. Fontes do mercado disseram à Folha que o vendedor seria o BTG Pactual.

    Fora do Ibovespa, as units (conjunto de ações) do BTG Pactual subiram 1%, para R$ 20,20. Foi o primeiro avanço desde a quarta-feira passada, quando Esteves foi preso. Desde então, os papéis já caíram 34,6%. As ações da rede de drogarias Brasil Pharma, cujo maior acionista é o BTG Pactual, tiveram desvalorização de 3,65%, para R$ 14,25 cada uma.

    Na última quarta (2), o BTG Pactual informou que Esteves deixou o controle da instituição financeira. A saída se deu por meio de uma troca de ações do banqueiro na holding que controla o banco por papéis comuns da instituição, fora do bloco de controle.

    CÂMBIO

    O mercado de câmbio reagiu com queda à abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve desvalorização de 2,62%, para R$ 3,744 na venda. Foi o maior recuo diário desde 3 de novembro, quando cedeu 2,71%.

    Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, recuou 2,24% nesta quinta-feira, para R$ 3,749. Na mínima, a moeda atingiu R$ 3,734.

    Entre as 24 principais moedas emergentes do mundo, o dólar caiu sobre 19. A divisa americana também perdeu força contra nove das dez mais importantes moedas globais, entre elas o euro, o iene, o franco suíço e a libra esterlina. A exceção foi o dólar canadense.

    A desvalorização das moedas no exterior refletiu a fala do presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, sinalizando que a autoridade monetária da zona do euro continuará provendo estímulos ao bloco.

    Nesta sessão, o BCE anunciou o corte da taxa de depósito da zona do euro para -0,3%, no esforço mais recente para reanimar os empréstimos e a inflação na região.

    No Brasil, o Banco Central vendeu nesta tarde US$ 500 milhões com compromisso de recompra em 2016. Leilões deste tipo fazem parte da estratégia do BC de fornecer recursos para a demanda sazonal de fim de ano, quando aumenta o valor enviado ao exterior para pagamento de dívidas e remessas de lucros, por exemplo.

    A autoridade também deu continuidade nesta sessão aos seus leilões diários de swaps cambiais para estender os vencimentos de contratos que estão previstos para o mês que vem. A operação, que equivale a uma venda futura de dólares, movimentou US$ 548,2 milhões.

    No mercado de juros futuros, os principais contratos fecharam majoritariamente em alta na BM&FBovespa. O DI para janeiro de 2016 subiu de 14,155% para 14,160%. Já o contrato para janeiro de 2021 apontou taxa de 15,720%, ante 15,680% na sessão anterior.

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