• Mercado

    Saturday, 18-May-2024 22:01:55 -03

    Banco Central sinaliza alta dos juros para evitar que inflação supere teto

    EDUARDO CUCOLO
    GUSTAVO PATU
    DE BRASÍLIA

    04/12/2015 02h00

    Sergio Lima - 20.set.2013/Folhapress
    Fachada do Banco Central, em Brasília; órgão sinaliza alta dos juros
    Fachada do Banco Central, em Brasília; órgão sinaliza alta dos juros

    Depois de desistir de cumprir o centro da meta de 4,5% de inflação em 2016, o Banco Central prometeu atuar "de forma contundente" para evitar que a alta de preços ultrapasse o teto de 6,5% no próximo ano.

    Isso significa que a taxa básica de juros, em 14,25% ao ano desde o fim de junho, tende a subir em 2016.

    De acordo com a ata da mais recente reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada nesta quinta-feira (3), os diretores do Banco Central deixaram claro que, mesmo que o ajuste fiscal fracasse, os juros serão elevados, se necessário, para evitar que a inflação ultrapasse o teto em 2016 e chegue a 4,5% em 2017.

    SELIC
    Saiba mais sobre a taxa básica de juros
    NOTAS DE 20 REAIS

    As expectativas do mercado para a inflação de 2016 hoje oscilam em torno de 6,64%, o que torna mais provável um aumento dos juros.

    Após a divulgação do documento, durante evento em São Paulo, o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Tony Volpon, afirmou que há "uma preocupante alta nas expectativas de inflação".

    Disse ainda que a superação do nível de 10% prevista para este ano (as mais recentes estimativas do mercado apontam IPCA de 10,38%) tem uma carga simbólica que não deve ser ignorada e pode incentivar um comportamento mais defensivo por meio da indexação de preços.

    DISCIPLINA

    Sobre o ceticismo do mercado em relação à possibilidade de a instituição alcançar esses objetivos, afirmou "rechaçar veementemente" a hipótese de "uma suposta falta de disposição do BC em cumprir sua missão".

    "Eu acredito que temos de agir e responder de forma contundente e tempestiva para retomar o processo de ancoragem das expectativas inflacionárias e disciplinar o processo de formação de preços", afirmou o diretor.

    Volpon disse ainda que "um ajuste monetário eficiente" vai contribuir para a retomada da economia, pois o controle efetivo da inflação é condição necessária para a recuperação do crescimento.

    Inflação - Variação em %, segundo IPCA-15

    AUMENTO IMEDIATO

    Na decisão da semana passada, quando a taxa Selic foi mantida em 14,25% ao ano, dois diretores votaram pelo aumento dos juros. Além de Volpon, o diretor Sidnei Corrêa Marques (Organização do Sistema Financeiro) queria a elevação para 14,75% ao ano.

    Segundo a ata, para os dois "seria oportuno ajustar, de imediato, as condições monetárias, de modo a reduzir os riscos de não cumprimento" da meta.

    "No entanto, a maioria dos membros do Copom considerou monitorar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião [nos dias 19 e 20 de janeiro] para, então, definir os próximos passos na sua estratégia", diz o documento do Copom.

    A instituição afirmou ainda que adotará as medidas necessárias para trazer a inflação o mais próximo possível de 4,5% em 2016 e para chegar a 4,5% em 2017.

    O documento afirma ainda que as projeções de inflação para 2015 e 2016 se elevaram desde a reunião anterior, no final de outubro, e que projeta que ela se aproximará dos 4,5%, superados desde 2010, em 2017.

    Conforme reportagem da Folha de terça (1º), assessores presidenciais não descartam um aumento de juros em janeiro. Uma eventual alta da taxa é vista com ressalvas e críticas pela área política do governo, que teme agravamento da recessão no país.

    Boletim Focus

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024