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    Volkswagen reduz número de carros afetados por fraude de poluentes

    RICHARD MILNE
    DAVID OAKLEY
    DO "FINANCIAL TIMES"

    09/12/2015 14h36

    John MacDougall - 9.dez.2013/AFP
    Banco europeu vai investigar se Volkswagen usou empréstimos da União Europeia para burlar testes
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    A Volkswagen concluiu que seus problemas quanto a emissões de dióxido de carbono são muito menos graves do que se temia, em uma rara boa notícia para a montadora de automóveis alemã atingida por uma sucessão de escândalos.

    Um dia antes de o seu presidente-executivo e de o presidente de seu conselho falarem a investidores e à mídia - pela primeira vez desde que irrompeu o escândalo quanto a emissões de poluentes, em setembro -, a empresa anunciou que apenas 36 mil veículos haviam sido afetados por erros quanto a emissões de CO2, em lugar dos 800 mil que ela havia indicado originalmente.

    Fraude da Volkswagen
    Empresa tentou esconder poluição
    Poster do "Greenpeace" com o personagem mentiroso Pinocchio e o logo da Volks

    A Volkswagen anunciou nesta quarta-feira (9) que havia praticamente concluído sua investigação sobre a questão do dióxido de carbono, um dos três problemas separados que ela está enfrentando quanto a emissões.

    Inicialmente, a companhia imaginava que os números de consumo de combustível de 800 mil carros teriam de ser recalculados, a um custo de cerca de € 2 bilhões. Mas agora acredita que apenas 36 mil carros do ano-modelo em questão precisarão recalcular seus números de emissões, e por apenas "algumas gramas" de dióxido de carbono por quilo, o que representaria um aumento de consumo de combustível da ordem de apenas 0,1 a 0,2 litro por 100 quilômetros percorridos.

    Os demais carros tinham valores corretos em seus cálculos de consumo e a Volkswagen não encontrou sinais de adulteração ilegal nas emissões de dióxido de carbono. Isso significaria que não há necessidade de mudanças nesses veículos.

    A Volkswagen afirmou que o custo presumido de € 2 bilhões "não foi confirmado". Agora, a montadora submeterá seus resultados às autoridades regulatórias alemãs, que os verificarão antes do Natal.

    As ações da Volkswagen subiram em 4% no pregão da manhã da quarta-feira, com a recepção positiva dos investidores à notícia. A entrevista coletiva da quinta-feira (10) deve ter por foco os dois outros problemas da montadora quanto a emissões, ambos relacionados a manipulações nos níveis de óxido de nitrogênio emitidos.

    Matthias Muller, o novo presidente-executivo da Volkswagen, e Hans Dieter Pötsch, o presidente do conselho da empresa, oferecerão uma atualização sobre a investigação interna da montadora, e sobre a estratégia quanto ao futuro do grupo que engloba 12 marcas de automóveis. Pessoas informadas sobre a investigação disseram que eles não identificarão nominalmente os suspeitos da trapaça, mas que tentarão explicar o motivo para que ela tenha acontecido.

    A revelação desperta novas questões sobre as comunicações da Volkswagen e surge depois de ela ter revelado que o problema do óxido de nitrogênio poderia ser resolvido, nos oito milhões de carros afetados na Europa, por uma atualização de software e um filtro de ar cujo custo é reportadamente de € 10. Os outros três milhões de carros afetados pelo problema do óxido de nitrogênio requererão reparos mais dispendiosos.

    Os investidores estão pressionando a Volkswagen a delinear uma estratégia clara quanto ao escândalo. "A primeira coisa, e a mais importante, é uma explicação clara de como a empresa planeja garantir que isso nunca se repita, ou no mínimo um compromisso de garantir que uma explicação completa e abrangente seja dada quando a investigação for concluída", disse um dos 10 maiores investidores na Volkswagen.

    Ele acrescentou que "os investidores também desejam saber por que isso aconteceu. Se o erro se deve a um pequeno grupo de engenheiros, com poucas outras pessoas no grupo cientes do que estava acontecendo, é preciso criar um sistema que garanta que isso não se repita".

    Um dos 20 maiores investidores na Volkswagen falou sobre a necessidade de uma mudança na cultura da empresa, sob a qual os funcionários aparentemente tinham medo de se pronunciar. Ele disse que "desejamos ver uma promessa de mais abertura na empresa. É preciso que haja um fluxo honesto de informações entre as diferentes pessoas e departamentos do grupo".

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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