Tyrone Siu/Reuters | ||
Jack Ma, o fundador do Alibaba, que comprou o jornal sediado em Hong Kong |
-
-
Mercado
Monday, 06-May-2024 00:30:33 -03Gigante chinês Alibaba compra um dos mais influentes jornais de Hong Kong
DE SÃO PAULO
11/12/2015 11h32
O gigante chinês da internet Alibaba Group comprou o jornal diário "South China Morning Post", um dos veículos em língua inglesa mais influentes de Hong Kong.
A compra pela empresa de tecnologia do diário fundado em 1903 foi definida pelo jornal americano "The New York Times" como parte de "um ambicioso plano para remodelar a cobertura da mídia de seu país-sede".
O objetivo é contrabalançar o que os executivos da empresa definem como retrato negativo da China na mídia ocidental, afirma o jornal.
Por décadas o "South China Morning Post", até agora sob controle do Kerry Group, cobriu agressivamente temas que a mídia estatal chinesa é proibida de abordar, como escândalos políticos e assuntos ligados a direitos humanos.
Além do jornal, o Alibaba Group também comprou outros ativos de mídia do SCMP Group, que é cotado na Bolsa de Valores de Hong Kong, por uma quantia não revelada. Além do jornal diário, a aquisição envolve negócios de revistas, outdoors, eventos e conferências, recrutamento, educação e mídias digitais.
Entre os ativos envolvidos estão o "Sunday Morning Post" e suas plataformas digitais, e dois sites chineses: Nanzao.com e Nanzaozhinan.com. O portfólio do SCMP Group inclui as versões de Hong Kong de revistas como "Esquire", "Elle", "Cosmopolitan", "Harper's Bazaar" e "The PEAK".
A compra, que segue uma sequência de acordos de mídia feitos pela Alibaba, deve aumentar as preocupações em Hong Kong, onde o South China Morning Post ocupa uma importante posição entre a elite que fala inglês e que ainda domina a antiga colônia britânica.
Em uma carta aberta dedicada aos leitores do jornal assinada pelo vice-presidente executivo do Alibaba, Joseph Tsai, a empresa defende que "o mundo necessita de uma pluralidade de pontos de vista no que diz respeito à cobertura sobre a China".
O país seria "importante demais para uma tese única". No documento, Tsai garante que as decisões editoriais cotidianas serão tomadas na redação do jornal, e não no conselho administrativo.
A meta do Alibaba, afirma o executivo, é fazer com que o número de leitores do "South China Morning Post" aumente globalmente, com foco naqueles "interessados em entender melhor a segunda maior economia mundial".
Uma das medidas anunciadas para atingir esse objetivo é derrubar o sistema de "pay wall".
Nele, os leitores têm o acesso ao site do jornal barrado após realizarem um determinado número de leituras. Para continuar, têm que pagar por uma assinatura digital.
"Como muitas mídias impressas, o 'SCMP' enfrenta desafios em meio às dramáticas mudanças na forma como as notícias são reportadas e distribuídas (...) nós vemos a oportunidade perfeita para casar nossa tecnologia com a profunda tradição do 'SCMP'", diz Tsai.
O Alibaba adquiriu ou investiu em um crescente portfólio de companhias de mídia e conteúdo nos últimos anos. Em junho, a companhia pagou US$ 194 milhões por uma parcela de ações não revela da China Business News, a companhia de mídia financeira local.
O grupo também é proprietário do Youku Tudou (o "YouTube chinês") e lançou um serviço de televisão "on demand", o TBO (TMall Box Office), parecido com o norte-americano Netflix.
Também é negociada uma participação na corporação Sina, criadora do popular portal chinês Sina.com.cn e da rede social Weibo (o equivalente local do Twitter).
A aquisição levantou questionamentos sobre o periódico ter sua imparcialidade comprometida pelo controle de um grupo chinês, cuja estabilidade depende da vontade do governo central.
Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br
Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.brPublicidade -