• Mercado

    Monday, 06-May-2024 06:04:47 -03

    Fechamento de fundos nos EUA causa temor às vésperas da alta dos juros

    ROBIN WIGGLESWORTH
    DAN MCCRUM
    DAVID OAKLEY
    DO "FINANCIAL TIMES"

    11/12/2015 17h28

    Bao Dandan/Xinhua
    Janet Yellen, a presidente do banco central dos Estados Unidos
    Janet Yellen, a presidente do banco central dos Estados Unidos

    A maior liquidação de um fundo de investimento nos EUA desde 2008, intensificou a venda de títulos empresariais norte-americanos.

    O Focused Credit Fund, que administrava US$ 788 milhões, foi fechado depois de uma onda de prejuízos e de resgates por investidores.

    Na última semana, investidores sacaram US$ 3,8 bilhões de fundos de títulos de alto rendimento e fundos negociados em Bolsa, a maior saída de capitais em três meses, de acordo com a EPFR Global, que acompanha as estatísticas do mercado.

    Esses papéis, de maior risco, já vinham perdendo valor com a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) eleve a taxa de juros que deve ser decretada pelo Federal Reserve do país na semana que vem.

    O endividamento e a inadimplência crescentes, os preços deprimidos para a energia e rebaixamentos de classificações de crédito agravaram a crise.

    Economia americana
    Mercado monitora aumento de juros
    Janet Yellen, presidente do Fed

    SISTÊMICO OU ISOLADO?

    O Focused tinha dimensões modestas e era incomum por oferecer aos investidores a possibilidade de sacar o dinheiro a qualquer momento.

    Ao mesmo tempo, permitia que buscassem oportunidades em segmentos mais arriscados e de menor circulação do mercado de títulos empresariais -uma estratégia usualmente seguida pelos fundos de hedge, que retêm o dinheiro dos investidores por períodos mais longos.

    Algumas pessoas no setor foram rápidas em distinguir entre um risco para o sistema, caso no qual os problemas de um fundo deflagram resgates generalizados em outros, e os chamados problemas idiossincráticos, específicos de um produto.

    O fechamento do Focused, dizem, se enquadra nessa última categoria.

    "Existe boa probabilidade de que vejamos saques significativos nos próximos dias, e o setor precisa demonstrar que está preparado para esse tipo de acontecimento", disse Oleg Melentyev, estrategista do Deutsche Bank.

    "Presumindo que não haja outros esqueletos no armário, a poeira deve se assentar. Se virmos manchetes repetitivas sobre o tema, o problema pode ganhar impulso rapidamente."

    A preocupação é maior em relação aos títulos empresariais com classificação inferior ao grau investimento, chamados de "junk bonds".

    O FANTASMA DE 2008

    Com a nova venda pesada de títulos empresariais nesta sexta, muitos investidores correram a comprar contratos de seguro contra inadimplência em junk bonds, o que levou o custo dessa forma de proteção para perto de sua mais alta marca em três anos.

    As "junk bonds" de maior risco vêm vivendo um momento de especial aperto.

    O rendimento médio dos títulos empresariais americanos de classificação de crédito mais baixa disparou de 10% alguns meses atrás para 17% nesta semana, e os problemas começaram a se espalhar para além do setor de energia, que era o epicentro da crise em meses passados.

    John Roe, diretor de fundos de múltiplos ativos na Legal & General Investment Management, disse que o fechamento do Focused poderia assustar os investidores em outros fundos de títulos de alto rendimento e expor a queda da "liquidez" nos mercados de títulos.

    "O problema remonta à crise financeira, já que não existe liquidez no mercado para lidar com a onda de resgates, e os investidores sabem."

    "Já vimos esse tipo de coisa antes, em 2008 e 2009, no mercado de imóveis, quando diversos fundos tiveram de ser fechados por problemas de liquidez", afirmou.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    Edição impressa
    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024