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Cafezal no terreno do Instituto Biológico, um dos sete centros de pesquisa em agronegócio em SP |
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Saturday, 04-May-2024 07:47:05 -03Pesquisa para agronegócio reduz seu ritmo no Estado de São Paulo
VENCESLAU BORLINA FILHO
DE CAMPINAS13/12/2015 02h02 - Atualizado às 14h56 Erramos: esse conteúdo foi alterado
Pesquisas para produzir a mandioca rica em vitamina A ou o café que já sai do pé sem cafeína pararam. Laboratórios fecharam ou operam parcialmente; equipamentos estão sem manutenção.
Nos sete institutos de pesquisa em agronegócio do Estado de São Paulo, o número de pesquisadores e técnicos caiu 49% desde o ano 2000: de 3.387 para os atuais 1.728.
O último concurso público foi há dez anos e, segundo a APQC (associação dos pesquisadores), pesquisadores têm pedido demissão para trabalhar no setor privado ou em institutos como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Zé Carlos Barretta - 24.set.2015/Folhapress Fachada da sede do Instituto Biológico, na Vila Mariana, em São Paulo No órgão federal, os salários chegam a R$ 19 mil. No Estado, um pesquisador em início de carreira ganha R$ 4.173, e o teto é R$ 9.893.
A APQC fala em "apagão científico". Segundo Joaquim Azevedo Filho, presidente da associação, o deficit de pessoal se arrasta desde 1995.
Ele diz que há cerca de 3.800 cargos vagos na Apta (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), ligada à Secretaria Estadual da Agricultura e responsável pela manutenção dos institutos.
SÓ EM 2017
Segundo o coordenador da Apta, Orlando Melo de Castro, a atual crise só permitirá um concurso público a partir de 2017. "Em 2016 não dá."
"Nossa intenção era fazer pequenos concursos em prazos menores, para não haver descontinuidade das pesquisas. Mas a situação se agravou por causa da crise. Estamos no limite dos gastos."
Castro disse que o último concurso, em 2004, contratou 360 profissionais, mas nos últimos cinco anos cresceram as aposentadorias.
O orçamento da Apta neste ano, de R$ 245 milhões, está 6% menor na comparação com 2014. Já os investimentos em pesquisa devem cair 61%, para R$ 2,6 milhões.
"Graças à tecnologia, nós estamos mais produtivos do que há dez anos. Mas é lógico que daria para fazer mais", afirma Catro. Sem dar detalhes, ele diz que o governo estuda uma remodelação dos institutos para o próximo ano, o que pode incluir a participação privada.
RISCO PARA A LAVOURA
No IAC (Instituto Agronômico de Campinas), por exemplo, as pesquisas de melhoramento genético em trigo, aveia, girassol, mamona, gergelim e arroz estão todas paradas por falta de pessoal, segundo a associação.
Já os estudos sobre algodão devem parar. A unidade, que já teve oito pesquisadores, agora só tem quatro, sendo que dois são aposentados voluntários e deixarão o trabalho até o final do ano.
O IAC já desenvolveu plantas resistentes a 8 das 10 doenças de algodão.
No mês passado, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas iniciou o processo de tombamento de todo o acervo de coleções, prédios e móveis do IAC, a pedido dos pesquisadores.
Marina Rago - 4.ago.2015/Folhapress Estufa do Instituto Biológico, na Vila Mariana, em São Paulo A medida deve interromper, por até um ano, a transferência de um outro acervo, no caso de plantas, que tem 56 mil amostras.
O pedido foi feito após a Apta transferir para São Paulo, em setembro, um acervo de 8.500 amostras de insetos e pragas coletados ao longo de 80 anos, o que, segundo pesquisadores, prejudica o instituto.
O coordenador da Apta afirmou que a medida teve como objetivo ampliar o uso em pesquisas, e que os estudos em andamento em Campinas não serão prejudicados.
A crise atinge também o Instituto Biológico, em que dois laboratórios fecharam e quatro estão subutilizados. O de Zootecnia teve a fábrica de ração fechada.
Os institutos de Economia Agrícola, de Pesca, de Tecnologia de Alimentos e de Descentralização do Desenvolvimento também têm déficit de pessoal.
INSTITUTOS PAULISTAS
Instituto Número de pesquisadores e técnicos Vagas abertas % de vagas abertas Instituto Agronômico de Campinas 390 1.496 79% Instituto Biológico 198 738 79% Instituto de Economia Agrícola 97 165 63% Instituto de Pesca 115 321 74% Instituto de Tecnologia de Alimentos 184 292 61% Instituto de Zootecnia 155 591 79% Departamento de Descentralização do Desenvolvimento 589 249 30% Total 1.728 3.852 69% Fonte: APQC (associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo)
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