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    Risco de investimento no Pactual se concentra em poucos aplicadores

    TONI SCIARRETTA
    DE SÃO PAULO

    14/12/2015 02h00

    Os fundos do BTG Pactual tiveram resgastes de mais de R$ 20 bilhões (17% do total) desde a prisão do banqueiro André Esteves, mas o risco efetivo de perdas segue restrito a poucos grandes investidores, particularmente aos sócios e demais acionistas.

    Isso porque, apesar de as agências de risco terem rebaixado a avaliação do banco prevendo dificuldades de caixa, o BTG tem conseguido levantar recursos (com venda de participações e crédito, além de empréstimo do Fundo Garantidor de Créditos) para honrar eventuais pedidos de resgate de depósitos dos clientes.

    Por enquanto, a crise de reputação afeta a capacidade do BTG de captar novos negócios (emissão de dívida, reestruturação de empresa, fusões, abertura de capital, além de depósitos), mas não ameaça a continuidade do banco –o risco de solvência.

    Saques de fundos do BTG Pactual

    Juntos, os principais bancos e gestores de fundos do país tinham aplicados R$ 14,5 bilhões em papéis do BTG Pactual até o final de novembro, segundo levantamento da consultoria ComDinheiro. Os mais "expostos" eram Bradesco (R$ 6,8 bilhões), BB (R$ 3,5 bilhões) e Caixa (R$ 1,5 bilhão). São eles que, em tese, poderão ter algum problema se o banco quebrar.

    FUNDOS

    No caso dos fundos de investimento geridos pelo BTG, que não contam com a cobertura de até R$ 250 mil por aplicador do FGC como os CDBs, a situação é até mais confortável. Os cotistas têm como garantia os papéis aplicados pelo fundo –dívida pública, privada, moedas e ações de terceiros, que não são afetados pela situação do banco. A gestora do BTG tem fundos com tíquete de entrada a partir de R$ 3.000.

    A gestão de recursos é um negócio completamente separado do banco: tem pessoa jurídica, equipe de análise e contabilidade próprias para evitar conflito com os interesses comerciais do banco –o chamado chinese wall.

    O objetivo é impedir com que o banco, por exemplo, quando fizer a emissão de dívida (ou abertura de capital) de um cliente, seja tentado a empurrar esses papéis a seus fundos, segundo seus interesses comerciais em detrimento daqueles dos cotistas.

    Os fundos voltados ao público em geral não podem comprar mais de 20% de papéis da instituição financeira ligada à gestora. Também não podem aplicar mais de 10% do patrimônio em um único investimento.

    Desde a prisão, as ações do banco derreteram 55,5%.

    ENTENDA: QUEM PERDE O QUE E QUANDO

    O Fundo Garantidor de Créditos cobre perda em fundo de investimento?
    Não, só indeniza os depósitos em conta corrente e a prazo (CDB, LCI e LCA), no limite de até R$ 250 mil, por CPF ou CNPJ, e por instituição

    O que ocorre com o fundo se o banco gestor quebrar?
    Os fundos continuam com a gestora de recursos, que é uma empresa separada. Se a gestora também for impedida de operar, eles são transferidos para outra, levando todas as aplicações. Os cotistas também podem decidir, em assembleia, trocar de gestor

    O que ocorre com um fundo que aplica em dívida de um banco em liquidação?
    O fundo só tem direito a uma única indenização de R$ 250 mil para o conjunto de cotistas (a cobertura não é para cada cotista); a exceção é quando aplica em papéis com garantia especial (conhecidos como DPGE), que têm cobertura de até R$ 20 milhões

    Acionistas têm alguma indenização para perda?
    Não. A única forma é ir à Justiça alegando má gestão ou fraude, como fizeram os acionistas da Petrobras em ação nos EUA

    Folhainvest

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