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Mercado
Saturday, 28-Sep-2024 10:40:22 -03Risco de investimento no Pactual se concentra em poucos aplicadores
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO14/12/2015 02h00
Os fundos do BTG Pactual tiveram resgastes de mais de R$ 20 bilhões (17% do total) desde a prisão do banqueiro André Esteves, mas o risco efetivo de perdas segue restrito a poucos grandes investidores, particularmente aos sócios e demais acionistas.
Isso porque, apesar de as agências de risco terem rebaixado a avaliação do banco prevendo dificuldades de caixa, o BTG tem conseguido levantar recursos (com venda de participações e crédito, além de empréstimo do Fundo Garantidor de Créditos) para honrar eventuais pedidos de resgate de depósitos dos clientes.
Por enquanto, a crise de reputação afeta a capacidade do BTG de captar novos negócios (emissão de dívida, reestruturação de empresa, fusões, abertura de capital, além de depósitos), mas não ameaça a continuidade do banco –o risco de solvência.
Saques de fundos do BTG Pactual
Juntos, os principais bancos e gestores de fundos do país tinham aplicados R$ 14,5 bilhões em papéis do BTG Pactual até o final de novembro, segundo levantamento da consultoria ComDinheiro. Os mais "expostos" eram Bradesco (R$ 6,8 bilhões), BB (R$ 3,5 bilhões) e Caixa (R$ 1,5 bilhão). São eles que, em tese, poderão ter algum problema se o banco quebrar.
FUNDOS
No caso dos fundos de investimento geridos pelo BTG, que não contam com a cobertura de até R$ 250 mil por aplicador do FGC como os CDBs, a situação é até mais confortável. Os cotistas têm como garantia os papéis aplicados pelo fundo –dívida pública, privada, moedas e ações de terceiros, que não são afetados pela situação do banco. A gestora do BTG tem fundos com tíquete de entrada a partir de R$ 3.000.
A gestão de recursos é um negócio completamente separado do banco: tem pessoa jurídica, equipe de análise e contabilidade próprias para evitar conflito com os interesses comerciais do banco –o chamado chinese wall.
O objetivo é impedir com que o banco, por exemplo, quando fizer a emissão de dívida (ou abertura de capital) de um cliente, seja tentado a empurrar esses papéis a seus fundos, segundo seus interesses comerciais em detrimento daqueles dos cotistas.
Os fundos voltados ao público em geral não podem comprar mais de 20% de papéis da instituição financeira ligada à gestora. Também não podem aplicar mais de 10% do patrimônio em um único investimento.
Desde a prisão, as ações do banco derreteram 55,5%.
ENTENDA: QUEM PERDE O QUE E QUANDO
O Fundo Garantidor de Créditos cobre perda em fundo de investimento?
Não, só indeniza os depósitos em conta corrente e a prazo (CDB, LCI e LCA), no limite de até R$ 250 mil, por CPF ou CNPJ, e por instituiçãoO que ocorre com o fundo se o banco gestor quebrar?
Os fundos continuam com a gestora de recursos, que é uma empresa separada. Se a gestora também for impedida de operar, eles são transferidos para outra, levando todas as aplicações. Os cotistas também podem decidir, em assembleia, trocar de gestorO que ocorre com um fundo que aplica em dívida de um banco em liquidação?
O fundo só tem direito a uma única indenização de R$ 250 mil para o conjunto de cotistas (a cobertura não é para cada cotista); a exceção é quando aplica em papéis com garantia especial (conhecidos como DPGE), que têm cobertura de até R$ 20 milhõesAcionistas têm alguma indenização para perda?
Não. A única forma é ir à Justiça alegando má gestão ou fraude, como fizeram os acionistas da Petrobras em ação nos EUAFale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br
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