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    o impeachment

    Para Dilma, Levy está perto do 'fim da linha' no comando da Fazenda

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA
    DAVID FRIEDLANDER
    DE SÃO PAULO

    17/12/2015 02h00

    A presidente Dilma Rousseff quer evitar uma saída traumática do seu ministro da Fazenda, Joaquim Levy, mas considera que terá de trocá-lo para criar um discurso de mudança na economia a fim de enfrentar o processo de impeachment na Câmara.

    Segundo assessores presidenciais, Dilma já está convencida de que Levy está "chegando ao final de linha" e que ele não consegue incorporar um discurso de esperança sobre a recuperação econômica.

    A princípio, auxiliares dizem que ela planejava fazer a troca em janeiro, mas sempre condicionada a um período mais calmo para evitar grandes turbulências e já com o nome do substituto definido.

    Agora, revelam assessores, os últimos movimentos de Levy, que bateu de frente com o Planalto na decisão de reduzir a meta fiscal, podem até acelerar a troca na Fazenda.

    A avaliação é que o clima contrário à presidente na tramitação do impeachment piorou e que ela correrá sério risco de ser afastada se não conseguir mostrar que terá condições de fazer a economia se recuperar em breve.

    Alan Marques - 6.out.2015/Folhapress
    O ministro da Fazenda, Joaquim Levy
    O ministro da Fazenda, Joaquim Levy

    Nessa estratégia, na segunda-feira (14) o ministro Jaques Wagner (Casa Civil) fez, a pedido da presidente, uma viagem reservada a São Paulo para ter conversas sobre macroeconomia e o que fazer para tirar o país da recessão.

    O que pode dar uma sobrevida a Levy é a escolha do seu substituto. Assessores disseram que o nome precisa ter força e impacto para sinalizar que haverá, sim, mudança no rumo da economia.

    Dentro do PT, a preferência é pelo ministro Nelson Barbosa (Planejamento), mas Dilma estaria buscando um nome de peso do mercado, de preferência do setor empresarial.

    A dificuldade é encontrar alguém que aceite assumir a missão num período de fragilidade do governo. Nesse contexto, surge de novo o nome de Henrique Meirelles, que aceitaria desde que tivesse carta branca.

    Entre assessores, foi citado ainda o nome de Luiz Schymura, presidente do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV e ex-presidente da Anatel.

    As Derrotas de Levy

    IRRITAÇÃO

    O clima contra Levy piorou nesta semana depois que ele disse que o governo não podia usar o Bolsa Família para evitar cortes de gastos. A declaração irritou Dilma.

    Dilma não gostou também de saber que Levy articulou nesta quarta (16) com a oposição para derrotar o próprio governo na votação da redução da meta fiscal na Comissão Mista de Orçamento.

    O governo saiu derrotado na proposta de criar abatimentos de até R$ 30 bilhões no Orçamento de 2016, que na prática poderia zerar a meta fiscal. Nas palavras de um assessor, Levy agiu como se não fosse do governo.

    Nesta quarta, logo cedo, Levy ficou irritado com o noticiário dos jornais sobre sua saída do governo. "Continuo alheio a esse folhetim de Brasília e sigo minha agenda normal de trabalho." Ao longo do dia, tentava demonstrar estar trabalhando normalmente. Mas evitou responder diretamente se estava de saída.

    Ele disse estar "ligeiramente ofuscado", em referência às luzes das câmeras de TV. Em outro momento, parado em frente a um elevador e questionado, disse: "Que suspense esse elevador".

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