• Mercado

    Monday, 29-Apr-2024 19:12:56 -03

    Desemprego contraria expectativas e fica em 7,5% nas metrópoles

    BRUNO VILLAS BÔAS
    DO RIO

    17/12/2015 09h11 Erramos: esse conteúdo foi alterado

    A taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país surpreendeu em novembro ao recuar para 7,5%, informou o IBGE nesta quinta-feira (17).

    O resultado foi melhor do que o registrado em outubro deste ano (7,9%), e vai no sentido oposto da previsão de economistas consultados pela agência internacional Bloomberg, que esperavam que a taxa subisse para 8%.

    Ainda assim, o patamar atual é 2,7 pontos percentuais acima do de novembro de 2014 (4,8%). Trata-se do pior novembro desde 2008 (7,6%).

    Segundo Thiago Xavier, analista da consultoria Tendências, o mês tem um fator sazonal favorável, que é a contratação para as festas de fim de ano. Sem esse efeito, a taxa de desemprego na verdade aumentaria em outubro de 7,9% para 8,1%.

    Taxa de desocupação - Setembro de 2014 a outubro de 2015, em %

    FIM DE ANO FRACO

    Segundo o IBGE, 72 mil pessoas conseguiram emprego de outubro para novembro, um aumento de apenas 0,3%.

    "É um movimento que costuma acontecer na maioria dos meses de novembro na série histórica. Mas a taxa de desemprego continua muito superior à do mesmo mês do ano passado", disse Adriana Beringuy, técnica de Trabalho e Rendimento do IBGE.

    As contratações foram maiores na indústria, com aumento de 1,6% na população ocupada na comparação com outubro, com 51 mil pessoas a mais. O comércio contratou 28 mil pessoas a mais no período.

    Esses ganhos, no entanto, são em parte anulados por setores em que predominaram as demissões, como o de serviços prestados a empresas (-33 mil).

    Xavier destaca o recuo da população economicamente ativa (pessoas empregadas ou procurando emprego) em 1%, na comparação ao mesmo mês do ano passado. São 217 mil pessoas a menos.

    Esse contingente dos que não têm trabalho, mas também não estão em busca de uma vaga, não é contabilizado como desempregado. O que ajuda a abaixar a taxa de desemprego.

    "É cedo ainda para falar em desalento, ou seja, pessoas desistindo de procurar emprego. Mas é algo a ser acompanhando". disse Xavier.

    O número de pessoas procurando trabalho teve queda de 4,2% no período. Foram 80 mil a menos. Esse número inclui gente que encontrou emprego ou que parou de procurar.

    Taxa de desocupação nos meses de outubro - Em %

    QUADRO AINDA É NEGATIVO

    Apesar da queda pontual no desemprego, o quadro ainda é negativo quando comparado com o mesmo mês do ano passado.

    A população ocupada caiu 3,7% frente a novembro de 2014. São 858 mil pessoas a menos com emprego no período, especialmente na indústria (315 mil) e nos serviços (141 mil).

    O trabalho por conta própria (sem funcionários remunerados), que vinha sendo uma válvula de escape para os demitidos, parou de crescer. São trabalhos autônomos como pintores, camelôs ou free lances.

    Assim, a fila de desemprego cresce rapidamente. A população desocupada aumentou em 53,8% na comparação a novembro do ano passado. São 642 mil pessoas a mais na fila de emprego.

    O contingente de desocupados está em 1,8 milhão de pessoas nas seis regiões metropolitanas em novembro —quase o equivalente à população de Manaus (2,05 milhões de pessoas) em meados do ano.

    Emprego nas regiões - Desocupação nas seis regiões pesquisadas, em %

    RENDIMENTO CONTINUA A CAIR

    O rendimento real dos trabalhadores foi de R$ 2.177,20 em novembro deste ano, queda de 1,3% na comparação com o mês anterior.

    Na comparação ao mesmo mês do ano passado, a queda foi de 8,8%, a maior desde dezembro de 2003 (10,7%).

    Rendimento real habitual - Em R$

    Os ganhos não crescem porque diferentes categorias estão aceitando um reajuste menor dos salários. Os trabalhadores também estão aceitando empregos de menor remuneração. Outro fator importante é a inflação.

    A pesquisa leva em consideração as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre.

    Vale lembrar que a PME (Pesquisa Mensal de Emprego) vai ser descontinuada pelo IBGE. Ela será substituída pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínuia, que tem abrangência nacional.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024