• Mercado

    Saturday, 18-May-2024 20:04:16 -03

    Argentina quer incluir produtos agrícolas em acordo entre Mercosul e UE

    MARIANA CARNEIRO
    DE BUENOS AIRES

    17/12/2015 19h35

    Mauro Zafalon - abr.2009/Folhapress
    Gado bovino em propriedade rural na Argentina
    Gado bovino em propriedade rural na Argentina

    A chanceler argentina Susana Malcorra adiantou que o Mercosul vai pressionar os europeus para incluir produtos agrícolas na proposta de liberação comercial com a União Europeia.

    Chanceleres e presidentes dos países do Mercosul, inclusive os novos membros Venezuela e Bolívia, se reunirão em Assunção, no Paraguai, nos próximos domingo (20) e segunda (21).

    O acordo de liberação comercial com a União Europeia é um dos principais temas da agenda, além da política doméstica na Venezuela.

    "Chegamos a um ponto em que é pouco provável que haja tensão [entre os países do Mercosul] em torno do acordo [com a União Europeia]. Todos os sócios entendem que o passo seguinte é a troca de propostas", disse.

    PRIORIDADE

    Malcorra disse que, em conversa com representantes dos vizinhos, nota uma disposição conjunta de dar "movimento a este processo". "Estamos no ponto de virar a página da teoria e ir para o plano da ação e concretizá-lo".

    Malcorra —que assumiu o cargo há uma semana— adiantou que a atual proposta do Mercosul, que envolve a liberação de 87% dos produtos trocados entre as duas regiões, é um "piso para a negociação", mas existe a vontade dos sócios em chegar aos 90% almejados pela União Europeia.

    "A nossa proposta é um piso, não um teto, e queremos estar seguros de que a União Europeia inclua elementos que são muito fundamentais para todos nós", disse. "Para todos os sócios do Mercosul é muito importante que a União Europeia inclua nessa negociação o setor agrícola, que é uma área normalmente complexa para eles".

    Em seu primeiro encontro com correspondentes, Malcorra tratou de assuntos relacionados ao bloco e também falou sobre a relação com o Irã, EUA, China e Rússia. Prometeu "restaurar" vínculos com países europeus, mas afirmou que o Mercosul é prioridade para a nova administração do país.

    "Seguramente o Mercosul é nossa prioridade e é nisso em que vamos nos centrar", afirmou.

    PRODUÇÃO INTEGRADA

    Embora politicamente mais próximo do PT de Dilma Rousseff, a ex-presidente Cristina Kirchner havia optado por se aproximar mais de China e Rússia e relegou a região a um segundo plano.

    A chanceler revelou que, em encontro em Brasília, Macri e Dilma concordaram que o Mercosul está em estágio lento, e a Argentina se comprometeu em destravar a relação.

    "Os presidentes Macri e Rousseff coincidiram que não é que o Mercosul esteja parado, mas está caminhando em uma velocidade distante da ideal", disse.

    Ambos combinaram de trabalhar em temas que travaram a relação entre Brasil e Argentina nos últimos tempos, como a integração das cadeias produtivas distribuídas nos dois países.

    RELAÇÃO COM BRASIL

    O setor automotivo é um exemplo disso, peças e veículos que atendem os dois mercados têm produção compartilhada. Por isso, as barreiras à importação levantadas durante o governo de Cristina Kirchner impactou principalmente este segmento e afetou a atividade nas fábricas.

    "Se não aceitamos esse processo [de integração das cadeias], isso tem impacto direto na capacidade de produção das empresas que têm sua logística integrada", disse Malcorra.

    "Vamos trabalhar muito nesse sentido. Os colegas do gabinete econômico estão focados em rever qualquer decisão que sirva para acelerar essa questão".

    Segundo ela, o fato de Macri ter visitado a Fiesp, durante sua passagem pelo Brasil, indica que pretende se aproximar do setor empresarial - e dos investimentos - brasileiros.

    "Vamos fazer todo o possível para eliminar as travas que possam existir e cumprir com a resolução da OMC [que elimina as barreiras burocráticas à importação]", disse.

    "É um momento propício para um reinício da nossa relação bilateral com o Brasil e multilateral com o Mercosul", disse.

    VENEZUELA

    Malcorra afirmou que a prisão de políticos na Venezuela seguirá no radar da Argentina, que chegou a propor sanções ao país governado por Nicolás Maduro mas voltou atrás.

    Segundo ela, o recuo não impede que a liberação dos detidos seja demandado.

    Malcorra revelou ainda, na conversa entre Macri e Dilma sobre o assunto, os dois políticos convergiram suas ideias. "Não houve grandes diferenças, as preocupações eram comuns".

    "Estamos acompanhando de perto o tema Venezuela", disse. "O Mercosul, como associação, tem compromisso com os direitos humanos e este é um assunto sobre o qual conversaremos".

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024