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    o impeachment

    Barbosa volta a ser conselheiro de confiança de Dilma e assume Fazenda

    NATUZA NERY
    EDITORA DO PAINEL
    EDUARDO CUCOLO
    DE BRASÍLIA

    19/12/2015 02h00

    Pedro Ladeira - 14.set.2015/Folhapress
    O ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy (esq.) e o atual, Nelson Barbosa
    O ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy (esq.) e o atual, Nelson Barbosa

    "Te prepara", dizia Dilma Rousseff, fazendo suspense, há duas semanas. Mas Nelson Barbosa não se animou. Também pudera —foram anos a fio sendo cotado para o Ministério da Fazenda, sempre morrendo na praia.

    O economista carioca Nelson Henrique Barbosa Filho se aproximou da presidente Dilma ainda no governo Lula, ao participar da elaboração do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) —do qual Dilma foi nomeada "mãe"— e do Minha Casa, Minha Vida.

    Como secretário-executivo, ganhou espaço também dentro do Planalto. Tomava decisões diretamente com a presidente, sem a participação do chefe, o então ministro da Fazenda, Guido Mantega.

    MUDANÇA NA FAZENDA
    Barbosa substitui Levy no ministério
    Joaquim Levy e Nelson Barbosa

    A situação causou desgaste na relação com Mantega. E Barbosa foi perdendo espaço à medida que rivalizava com Arno Augustin, àquela altura já o novo queridinho de Dilma no manejo da política econômica.

    Barbosa discordava da gestão do então secretário do Tesouro Nacional, a quem responsabilizava pelo descontrole das contas públicas.

    Assessores repetiam uma frase atribuída a Barbosa: "Arno vai quebrar o país".

    Entretanto, essa divergência interna não foi capaz de tirar dele a imagem de economista "gastador", uma fragilidade que provocou uma forte mexida no mercado tão logo seu nome foi ventilado.

    O desgaste com Arno se aprofundou e Barbosa, antes conselheiro privilegiado da presidente Dilma, deixou o governo em junho de 2013 tendo sido preterido pelo Palácio do Planalto.

    PERTO DE LULA

    Desde então, aproximou-se ainda mais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sendo convidado para atividades do instituto mantido pelo petista. Por vezes, escreveu discursos para o ex-presidente em suas palestras dentro e fora do Brasil.

    Como professor da FGV, adotou uma posição de crítica moderada a algumas das ações do Ministério da Fazenda, até ali comandado por Guido Mantega.

    Passou a fazer consultorias em bancos e gestoras de investimentos. Em suas palestras, dizia que não tinha pretensões de voltar ao governo.

    André Borges - 13.set.12/Folhapress
    Nelson Barbosa (dir.), durante período em que foi secretário-executivo da Fazenda
    Nelson Barbosa (dir.), durante período em que foi secretário-executivo da Fazenda

    Após a reeleição, porém, fez parte da lista entregue por Lula a Dilma com sugestões para o lugar de Mantega, ao lado do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e do ex-presidente do BC Henrique Meirelles.

    Dilma mandou que Mantega chamasse Levy e Barbosa para uma reunião em São Paulo. O primeiro recebeu o aviso de que seu nome estava sendo cotado para presidente do BC ou para ministro da Fazenda.

    A Barbosa, acenou-se com os cargos de ministro da Fazenda ou do Planejamento.

    Levy ganhou a disputa no Palácio do Alvorada, num almoço com a presidente que se seguiu à primeira sondagem. A presidente disse que pensava em colocá-lo no BC. O ex-ministro respondeu que seria "um desperdício" e partiu para ofensiva: mostrou que havia estudado os programas do governo e firmou sua candidatura à Fazenda.

    No almoço seguinte, Dilma confessou a Barbosa não ter certeza sobre em que cargo colocá-lo. Ele disse que estaria bem no Planejamento.

    MAIS À ESQUERDA

    Barbosa —ou "Nelsão", como é conhecido— nunca foi filiado ao PT, mas esteve sempre próximo ao partido.

    Na UFRJ, teve como professores economistas identifi-cados com o desenvolvimentismo (escola que defende maior participação do Estado na economia), como Carlos Lessa e Maria da Conceição Tavares.

    Na década de 1990, foi funcionário concursado do Banco Central e do Ipea. Em 2003, foi trabalhar com Guido Mantega, que havia acabado de assumir o Ministério do Planejamento e, a partir daí, sua carreira seguiu os passos do então chefe.

    Barbosa assessorou Mantega no comando do BNDES e, na Fazenda, foi alcançando cargos cada vez mais altos: secretário de Acompanhamento Econômico (2007-2008), de Política Econômica (2008-2010) e, no governo Dilma, secretário-executivo (2011-13).

    Foi também presidente do conselho do Banco do Brasil (2009-2013) na época em que a instituição liderou ações de combate à crise de 2008, que envolveu, por exemplo, aumento de gastos e do crédito nos bancos públicos.

    Participou ainda da tentativa frustrada de reforma tributária do governo Dilma.

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    "Nossa única divergência é que ele [Levy] é Botafogo e eu sou Vasco"
    Em 27.mai.2015, sobre uma possível divergência com o então ministro da Fazenda

    "A meta [de superavit de 1,1% do PIB em 2015] é factível"
    Em 13.jul.2015

    "Não há afrouxamento do ajuste"
    Em 22.jul.2015, sobre a redução da meta fiscal deste ano de 1,1% do PIB para 0,15% do PIB

    "Nesse momento o aumento de juros é o remédio necessário para controle da inflação"
    Em 1º de jun.2015

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    QUEM ENTRA
    O PACIENTE

    O HOMEM
    Nome: Nelson Henrique Barbosa Filho
    Idade: 46

    AS IDEIAS
    Formação: economista pela UFRJ
    Linha econômica: visto como mais desenvolvimentista
    Afinidade política: não se filiou ao PT, mas é próximo do partido, do ex-presidente Lula e de Dilma
    Papel do Estado: faz concessões à intervenção do governo na economia; admite incentivos "por atividade" e, em alguns casos, para setores econômicos
    Velocidade do ajuste: prefere um ajuste fiscal mais gradual
    Meta fiscal: defendeu metas de economia menores e propôs um regime de bandas para a meta

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    QUEM SAI
    O NAVEGADOR

    O HOMEM
    Nome: Joaquim Vieira Ferreira Levy
    Idade: 54 anos

    AS IDEIAS
    Formação: engenheiro naval pela UFRJ, doutor em economia pela Universidade de Chicago
    Linha econômica: ortodoxo
    Afinidade política: não é próximo de partidos; trabalhou no governo de Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e mo mercado financeiro
    Papel do Estado: defende menos intervenção do governo na economia; cortou programas de incentivos setoriais
    Velocidade do ajuste: propôs um ajuste rápido
    Meta fiscal: defendeu metas de economia maiores e opôs-se ao envio de um Orçamento com deficit

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