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    o impeachment

    Nelson Barbosa assume Ministério da Fazenda com dupla missão

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    20/12/2015 02h00

    Jorge Araujo - 24.nov.2015/Folhapress
    O novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa
    O novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa

    Nelson Barbosa assume o Ministério da Fazenda com a dupla missão de ser um forte defensor do ajuste fiscal e de lançar as bases para iniciar uma recuperação da economia, que pode fechar o ano com retração perto de 4%.

    Segundo assessores presidenciais, ao optar por uma solução caseira, Dilma colocou nos ombros de seu novo titular da equipe econômica a responsabilidade de ser tão "realista" quanto Joaquim Levy para afastar qualquer dúvida sobre seu compromisso com o equilíbrio fiscal.

    Dentro do governo, Barbosa vai ser aconselhado a adotar, de saída, medidas que indiquem que vai cumprir a meta de superavit primário de 0,5% do PIB em 2016, motivo de embate entre ele e Levy, seu agora antecessor.

    Essa, porém, não é a principal missão de Barbosa. "Ele terá de incorporar o discurso da esperança, mostrar que fará a economia voltar a andar, algo fundamental para Dilma ganhar a batalha contra o impeachment", diz um interlocutor próximo da petista.

    MUDANÇA NA FAZENDA
    Barbosa substitui Levy no ministério
    Joaquim Levy e Nelson Barbosa

    Amigos da presidente sabem que não podem cobrar de Barbosa resultados concretos nos primeiros três meses de 2016, período em que o processo de impeachment estará em andamento, mas dizem que ele tem de sinalizar principalmente aos grupos que apoiam a petista que o cenário econômico vai mudar.

    Nessa linha, por sinal, assessores presidenciais lembram que inicialmente Dilma queria trocar Levy por um político de peso ou um representante do setor empresarial, um nome que tivesse impacto tanto no mercado como entre empresários.

    Nas palavras de um assessor, seria a oportunidade de a presidente dar uma virada, mandar uma mensagem de "esperança" para os que são contra o impeachment.

    PLANO FRUSTRADO

    Os planos iniciais, contudo, mudaram depois que Levy aumentou o tom de suas ameaças de deixar o governo, no fim de novembro, quando passou a estar em debate a redução da meta fiscal de 2016.

    O clima no governo ficou tão ruim entre Levy e Barbosa, depois que o ex-ministro viu que seria derrotado, que a presidente acabou acertando com seu hoje ex-ministro que faria uma mudança negociada, sem causar turbulências no mercado, em janeiro.

    O acerto caiu por terra depois que Levy, na quinta (17), decidiu se despedir de sua equipe em reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional). Conforme a Folha revelou, ele agradeceu aos que estavam na sala e disse que não estaria no próximo encontro do órgão, em janeiro, praticamente oficializando a saída.

    "Ali foi a gota d'água para a presidente. Ela se irritou com Levy e decidiu antecipar sua demissão", diz um assessor palaciano, lembrando que a petista já não havia gostado das declarações do então ministro de que o governo estava usando o Bolsa Família como desculpa para não fazer mais corte de gastos.

    Naquele momento, diz um interlocutor, Dilma, que nas últimas semanas já avaliava a possibilidade de pôr Barbosa na Fazenda, decidiu optar pela "solução caseira" principalmente depois que sondagens iniciais de nomes do mercado se mostraram frustradas.

    Para uma ala do governo, o episódio do CMN foi providencial, pois garantiu a demissão do ministro detestado pelo PT.

    Para outros, precipitou uma solução que poderia ser mais bem planejada. Para ambos os lados, no entanto, será a oportunidade de começar o ano com outra cara.

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