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    88% rejeitam mudanças nas regras de aposentadoria, diz pesquisa

    CLAUDIA ROLLI
    DE SÃO PAULO

    28/12/2015 20h19

    Oito em cada dez brasileiros rejeitam mudanças nas regras da Previdência Social, segundo pesquisa feita pela Vox do Brasil para a CUT.

    Os dados foram divulgados nesta segunda (28), uma semana após integrantes do governo confirmarem que está em análise uma proposta de reforma que impõe limites de idade mínima para a aposentadoria.

    CUT, Força Sindical e UGT são algumas das centrais que já se posicionaram contrárias a mudanças nas regras e reclamaram da falta de debate sobre o assunto.

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    O ministro Nelson Barbosa (Fazenda) afirmou na segunda (21), dia em que tomou posse no cargo, que o governo deve enviar no começo de 2016 uma proposta de reforma da Previdência Social ao Congresso, que deve alterar os requisitos de idade para a aposentadoria.

    A reforma da Previdência foi apontada pelo novo ministro como a mais urgente entre as reestruturações necessárias.

    Um dia depois da declaração, o ministro Jaques Wagner (Casa Civil) também confirmou que o governo se reuniria para discutir o tema, mas que ainda não havia um modelo definido de mudança nas regras da aposentadoria a ser adotado.

    O levantamento divulgado pela CUT foi feito com 2.000 pessoas entre os dias de 11 e 14 de dezembro -antes de o governo anunciar que estudava mudanças nas regras. Os entrevistados são de 153 cidades (capitais, regiões metropolitanas e interior) e tem 16 anos ou mais.

    As mudanças nas regras da Previdência Social são rejeitadas pela maioria dos trabalhadores de todas as faixas de renda, de idade e de diferentes e níveis de escolaridade em todas as regiões.

    Entre os brasileiros que ganham dois salários mínimos, o percentual que afirma que o governo não deve mexer nas regras para se aposentar é de 87,8%. Acima de cinco mínimos, é de 86,4%.

    REGIÕES

    Na região Nordeste, 89,2% se posicionam contrários a mudanças que dificultem a aposentadoria -o maior percentual de rejeição. Em seguida vem a região Sul, com 88,4%. No Sudeste, esse percentual é de 87,1% e no Centro-Oeste, 85%.

    "Os trabalhadores sabem que, quando se fala em reforma na Previdência, não se discute a questão da seguridade social, mas sim o custo que a Previdência tem e a retirada de direitos. Não se discute por exemplo as empresas que estão inadimplentes e poderiam pagar o que devem", diz Vagner Freitas, presidente da CUT.

    O sindicalista também afirma que as centrais não foram consultadas para debater o assunto nem mesmo no fórum para discutir mudanças na Previdência, criado pelo governo neste ano.

    "Para que criou o fórum então? Não justifica inclusive a nossa participação. Para que ficar em um fórum que não tem validade? ", questiona o sindicalista. "Em 29 de dezembro do ano passado, os trabalhadores foram surpreendidos com o pacote de maldades do governo, o chamado ajuste fiscal, que tirou direitos, paralisou a economia e gerou juros altos, recessão e desemprego. De novo, não dá para repetir a dose", diz Freitas.

    MANIFESTAÇÕES

    As centrais devem discutir manifestações em conjunto a partir de 2016 em protesto a mudanças que possam prejudicar os trabalhadores.

    "O governo atropela o diálogo com as centrais sindicais e arbitrariamente aponta a tesoura dos cortes ao pouco que o Estado brasileiro retorna aos trabalhadores efetivamente contribuintes da Previdência Social", diz Ricardo Patah, presidente da UGT.

    Em nota divulgada, a UGT afirma que "escolher este momento de grave crise, com o país à beira da depressão econômica, para propor reforma da Previdência e trabalhista é um verdadeiro crime de lesa trabalhador".

    A Força Sindical também se posicionou contrária às reformas. "Causou-nos estranheza o anúncio do governo de que fará reformas trabalhista e previdenciária estabelecendo um limite de idade para a aposentadoria, apenas para mostrar ao mercado que realmente vai buscar o equilíbrio fiscal", diz o documento assinado por Miguel Torres, presidente da central.

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