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    o impeachment

    Banco de bilionário mexicano briga com Banco Central para sair do Brasil

    CATIA SEABRA
    DAVID FRIEDLANDER
    DE SÃO PAULO

    30/12/2015 02h00

    O bilionário mexicano Ricardo Salinas, um dos homens mais ricos da América Latina, trava uma queda de braço com o Banco Central. Há sete anos ele abriu o banco Azteca em Pernambuco. Seria sua plataforma de lançamento para todo o país, mas a aposta deu errado.

    Agora o empresário tenta fechar as portas e deixar o Brasil, mas o BC só autoriza a saída se houver injeção de R$ 17 milhões para equilíbrio das contas. Segundo representantes do Azteca, existe ameaça de intervenção.

    O banco alega que já devolveu aos correntistas 94% do dinheiro depositado em suas contas. Além disso, se compromete a quitar R$ 48 milhões que estão aplicados em investimentos financeiros.

    Pelos planos do Azteca, o pagamento seria feita à medida que recebesse os empréstimos concedidos e que vencem até 2019. Para isso, manteria uma equipe no país.

    Lula Marques - 28.mar.2015/Folhapress
    O mexicano Ricardo Salinas, presidente do Banco Azteca
    O mexicano Ricardo Salinas, presidente do Banco Azteca

    No dia 15 de dezembro, no entanto, o BC avisou formalmente ao banco que não concorda. Em nota à Folha, o BC afirmou que "o cancelamento da autorização para funcionamento depende, dentre outros aspectos, do pagamento integral dos passivos".

    SEM SUCESSO

    O Azteca foi lançado em Pernambuco em 2008, junto com a rede de lojas Elektra, também de Salinas. O projeto era que banco e lojas aproveitassem o boom de consumo do Nordeste, ganhassem tamanho e depois partissem para outras regiões do país.

    O banco tinha apenas uma agência e pontos de venda dentro das 70 lojas de móveis e eletroeletrônicos que a Elektra chegou a ter no auge, em 2011. O Azteca financiava os clientes da rede e oferecia conta corrente, investimentos e cartão de crédito.

    Mas o modelo, voltado para a população de baixa renda, não pegou. A crise econômica deixou a situação insustentável e em maio a Elektra foi fechada e entrou em recuperação judicial. Ao mesmo tempo, dizem os mexicanos, o BC foi avisado de que o Azteca seria fechado.

    O banco afirma ter pedido autorização para vender a carteira de crédito, na época de R$ 80 milhões. O Azteca diz que tinha interessados, mas não fez negócio porque o BC nunca se manifestou.

    VERSÕES

    Há um conflito de versões. O Azteca registrou suas queixas num ofício enviado ao BC. Em resposta, o BC afirmou —também numa correspondência— que só em 18 de novembro os mexicanos solicitaram formalmente permissão para encerramento das atividades.

    Antes disso, de acordo com o BC, o Azteca só havia manifestado intenção de fechar e "nenhum pleito foi formalizado". Até outubro, "o Banco Azteca não possuía qualquer estratégia estruturada para embasar o pedido de cancelamento ao BC", diz a autarquia.

    Ainda segundo o BC, "não procede qualquer afirmação" que possa sugerir ter havido "omissão" de sua parte.

    Nesta semana, advogados do banco Azteca desembarcaram em Brasília em busca de uma saída negociada. Caso a intervenção se concretize, entrarão na Justiça. Em nota, o BC diz que "não se pronuncia sobre ações de supervisão em curso ou a serem tomadas".

    Além do México, o Azteca opera em cinco países da América Latina e teme a repercussão internacional de uma eventual intervenção no Brasil.

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