• Mercado

    Saturday, 18-May-2024 16:18:08 -03

    o impeachment

    Salário mínimo maior visa agradar base de Dilma e aquecer economia

    DIMMI AMORA
    ISABEL VERSIANI
    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    30/12/2015 02h00

    A presidente Dilma Rousseff decidiu arredondar o valor do novo salário mínimo de R$ 788 para R$ 880, válido a partir de janeiro de 2016, o que terá um custo extra para os cofre públicos federais na casa de R$ 2,9 bilhões.

    O objetivo de Dilma foi duplo. Primeiro, manter o nível do mínimo e sinalizar à sua base de apoio à esquerda no momento em que é acossada por um processo de impeachment. Segundo, buscar aquecer a economia em crise.

    O aumento foi de 11,6%. Segundo o governo, o reajuste cumpre a regra que garante aumento pela inflação medida pelo INPC do ano anterior mais o crescimento da economia de dois anos antes.

    O INPC acumulado em doze meses está em 10,97% até novembro. Com o PIB de 2014 em 0,1%, o aumento ficaria em cerca de R$ 874, mais próximo dos R$ 871 previstos na Lei de Diretrizes Orçamentárias aprovada no Congresso.

    O governo, porém, resolveu projetar o INPC acumulado para dezembro em 11,57% e arredondou o valor.

    AUMENTO DO MÍNIMO, EM R$ - Salário subirá 11,7% em 2016

    SEM EXCESSOS

    Segundo o Ministério do Planejamento, o novo valor causa um "impacto superior" ao aprovado no Congresso em pagamento de benefícios da Previdência, assistência social e abono e seguro-desemprego de R$ 2,9 bilhões.

    O governo terá de conseguir esses recursos com aumento de receitas, cortes de gastos ou redução do superavit primário de 0,5% do PIB prometido para 2016, sendo 0,4% da União, equivalente a R$ 24 bilhões.

    Assessores presidenciais disseram que o governo optou por um aumento "levemente" maior, sem "excessos", para tentar ajudar a economia em recessão.

    ACENO AOS CRÍTICOS

    Segundo o ministro da Previdência, Miguel Rossetto, não há risco de não haver recursos para garantir o pagamento do aumento do mínimo. Segundo ele, os parâmetros de arrecadação também serão aumentados.

    O teto do valor da previdência social deverá passar de R$ 4.663,00 para R$ 5.203,00. Este valor baliza o desconto do INSS no salário dos trabalhadores, que ficará maior e aumentará também a arrecadação.

    Rossetto defendeu a política de valorização do mínimo, responsável por um aumento de 76% desde 2003.

    Politicamente, o aumento maior é um aceno aos críticos os rumos da política econômica, como o presidente do PT, Rui Falcão, mesmo após a saída de Joaquim Levy e a chegada de Nelson Barbosa ao Ministério da Fazenda.

    REFORMA

    Levy chegou inclusive a defender adiar o aumento do mínimo de janeiro para maio como medida de economia.

    Paradoxalmente, uma das medidas que Dilma pediu a Barbosa como prioridade foi justamente uma reforma visando dar viabilidade às contas da Previdências Social.

    Rossetto se mostrou favorável a um modelo de reforma que seja mais parecido com o que foi aprovado no Congresso este ano, que une idade do trabalhador com seu tempo de contribuição.

    Segundo ele, haverá diálogo com a sociedade, com um fórum com trabalhadores e empresários já marcado para fevereiro. A proposta deverá ser encaminhada no primeiro semestre, afirmou.

    Colaborou FLÁVIA FOREQUE, de Brasília

    Edição impressa
    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024